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Pensamentos aleatórios

18 de março de 2014

Vila Nova colhe o que plantou*



O futebol goiano perde com o rebaixamento do Vila Nova para a 2ª Divisão do Goianão. Os rivais podem festejar agora a tragédia, mas, no próximo ano, terão de assistir a uma competição sem a rivalidade histórica. Mesmo que no imaginário de sua torcida, o Tigrão ainda seja o arquirrival do Goiás e movimentava a semana do clássico, em campo a realidade é totalmente outra. Além disso, a equipe levava público aos estádios do interior. E, agora?

Sem o Vila Nova, o Goianão 2015 perderá em atrativo. Mesmo em crise e com um time fraco, o Vila conseguia seguidores pela tradição e títulos. Não será a volta do Goiânia à elite ou outra equipe de expressão do interior que terá o mesmo peso doTigrão.

A equipe colorada de 2014 não deixará saudade e, para muitos, tem de ser esquecida. No início do Goianão, até recebeu elogios, mas mostrou, ao longo do torneio, as deficiências. Além disso, sofreu com a falta de planejamento da diretoria para reforçá-la. Só os garotos não davam conta de carregar o fardo do insucesso a cada rodada. Os cartolas não enxergaram as falhas a tempo.

Os responsáveis pela tragédia vilanovense não vieram a público ontem para dar satisfação aos torcedores sobre os equívocos cometidos no Goianão. Com exceção do presidente executivo, Joás Abrantes, que tentou justificar o que já não tem justificativa, quem fez o planejamento errado do clube para o futebol, não quis se explicar. Talvez, o silêncio seja a resposta da vergonha que eles estão sentindo por montar uma equipe ruim como a de hoje.

Sem contar que houve proteção em excesso ao técnico Heriberto da Cunha, que mostrou em 2013 que não tinha clima nem capacidade para continuar, mesmo com o acesso à Série B. Porém, a insistência do departamento de futebol em mantê-lo não fez bem ao time. Quando a situação estava insustentável (a equipe estava ameaçada pelo rebaixamento), os cartolas resolveram tentar a mudança. É um amadorismo.

Os atuais dirigentes do Vila só completaram a missão que estava desenhada desde a década passada. O Tigrão se arrastou, nos últimos anos, pelos inúmeros problemas dentro e fora de campo. Por algumas temporadas, o clube teve dinheiro para montar equipes competitivas. O que se viu, nesses momentos, foram ciúmes e fofocas na guerra de vaidades pelo poder. Presidentes e dirigentes foram expulsos do OBA acusados de roubo ou por agirem de má-fé.

Sem contar a falta de profissionalismo e a organização do futebol com as contratações absurdas no OBA. O clube já fez, em algumas temporadas, mais de 60 contratações. Todas sem critérios. Enquanto isso, os jovens da casa só assistiam aos atletas que estavam interessados no pouco dinheiro que era arrecadado pelo clube.

O reflexo do amadorismo vilanovense são as dezenas de processos na Justiça do Trabalho. Nos últimos anos, o clube sofre, também, com a falta de dinheiro para fazer o básico, pois dívidas são cobradas na Justiça. Desde ontem, os cartolas colhem o que plantaram durante anos pela má administração.

O Vila tem a Série B do Brasileiro para recuperar o prestígio com seus torcedores, que estão com orgulho ferido pelo descenso. Se, realmente, querem mudar a imagem do Tigrão para as próximas temporadas, os cartolas têm de mudar a forma com a qual encaram o futebol profissional. Ações amadoras – como contratar jogador em um dia e mandá-lo a campo no outro sem a mínima condição técnica – têm de acabar.

Não é bom para nenhum setor o rebaixamento do Vila Nova para a Segundona, mas, quem sabe, seja o renascimento do Tigrão. Tal qual o Atlético, que quase morreu em 2003 e, depois, renasceu, o Tigre tem torcida e tradição para se reerguer.
 
*Robson Macedo, publicado originalmente no jornal O Popular, de 18 de março de 2014

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