Por Fernando Brito, no blog Tijolaço.
Finalmente, hoje, em artigo na Folha de S.Paulo,
Aécio Neves admite que o Aeroporto de Cláudio, junto a sua fazenda,
serviu para sua comodidade pessoal, em atividades rigorosamente
privadas.
E que a obra (que entre contratos e desapropriação custou, em dinheiro de hoje, mais de R$ 20 milhões) que consumiu farto dinheiro público, por não homologada e sem controle público já há quatro anos, só teve mesmo a serventia de dar-lhe este privilégio.
Mais importante que a semi-confissão do candidato tucano é o que o levou a ela, 11 dias depois de revelado o escândalo pela própria Folha.
Depois de várias gaguejadas e diversos “de novo este assunto?” irritados, Aécio tomou essa iniciativa, sem sombra de dúvida, porque as pesquisas internas do tucanato revelaram o estrago que isso fez em sua campanha.
Não foi um ato de honestidade, de quem quer e pode sustentar as atitudes que tomou.
Fosse assim, não teria se evadido de dizer, antes, o que diz agora.
O fez por três fatores, todos sem qualquer dignidade.
O primeiro é que sabe que existem provas deste uso. Não se descarte, até, que tenha sofrido ameaças de que elas seriam reveladas.
O segundo é que só tomou esta atitude depois que as pesquisas eleitorais internas do PSDB mostraram que o estrago não apenas era grande como está se agravando à medida em que o conhecimento da situação se amplia.
O terceiro, mais grave e por isso capaz de continuar ceifando o seu prestígio e o respeito pessoal que possa ter, é o que se provou um homem moralmente covarde.
Precisou ser exposto diariamente às suas contradições e omissões – ou, pior ainda, ser ameaçado por alguém que tinha provas do uso do aeroporto – para confessar que fez, por diversas vezes, uso particular da pista que a ninguém mais servia.
Depois disso, quem acredita na já implausível afirmação de que a obra milionária se justificava pelo “grande pólo industrial” que é aquele município de menos de 30 mil habitantes? Ou que o negócio entre o Estado e o tio, que tinha os bens bloqueados, não foi bom pela família, até porque parte do depósito já foi levantado pela tia, num processo tumultuado de separação e com, inclusive, uma ação de interdição por um dos filhos?
Aécio abaixou o bico.
Diante da mentira que pregou, durante 11 dias, a todo o país e à imprensa, desqualificou-se moralmente para dizer qualquer coisa.
A confissão tardia e cínica não lhe perdoa, exatamente porque é tardia e cínica.
Ficou do tamanho que é: um herdeiro de oligarquias, que controla e uso o poder que o sobrenome foi lhe trazendo e que trata o exercício do poder com a mesma irresponsabilidade que lhe valeu a fama de playboy mimado.
Resta saber o que não fazer com ele: se é melhor deixar que o fracasso recaia sobre sua inconsistência moral ou se tentarão uma muito improvável nova via para disputar as eleições.
O aeroporto de Cláudio foi sua bolinha de papel.
E essa, sim, capaz de provocar um estrago imenso.
E que a obra (que entre contratos e desapropriação custou, em dinheiro de hoje, mais de R$ 20 milhões) que consumiu farto dinheiro público, por não homologada e sem controle público já há quatro anos, só teve mesmo a serventia de dar-lhe este privilégio.
Mais importante que a semi-confissão do candidato tucano é o que o levou a ela, 11 dias depois de revelado o escândalo pela própria Folha.
Depois de várias gaguejadas e diversos “de novo este assunto?” irritados, Aécio tomou essa iniciativa, sem sombra de dúvida, porque as pesquisas internas do tucanato revelaram o estrago que isso fez em sua campanha.
Não foi um ato de honestidade, de quem quer e pode sustentar as atitudes que tomou.
Fosse assim, não teria se evadido de dizer, antes, o que diz agora.
O fez por três fatores, todos sem qualquer dignidade.
O primeiro é que sabe que existem provas deste uso. Não se descarte, até, que tenha sofrido ameaças de que elas seriam reveladas.
O segundo é que só tomou esta atitude depois que as pesquisas eleitorais internas do PSDB mostraram que o estrago não apenas era grande como está se agravando à medida em que o conhecimento da situação se amplia.
O terceiro, mais grave e por isso capaz de continuar ceifando o seu prestígio e o respeito pessoal que possa ter, é o que se provou um homem moralmente covarde.
Precisou ser exposto diariamente às suas contradições e omissões – ou, pior ainda, ser ameaçado por alguém que tinha provas do uso do aeroporto – para confessar que fez, por diversas vezes, uso particular da pista que a ninguém mais servia.
Depois disso, quem acredita na já implausível afirmação de que a obra milionária se justificava pelo “grande pólo industrial” que é aquele município de menos de 30 mil habitantes? Ou que o negócio entre o Estado e o tio, que tinha os bens bloqueados, não foi bom pela família, até porque parte do depósito já foi levantado pela tia, num processo tumultuado de separação e com, inclusive, uma ação de interdição por um dos filhos?
Aécio abaixou o bico.
Diante da mentira que pregou, durante 11 dias, a todo o país e à imprensa, desqualificou-se moralmente para dizer qualquer coisa.
A confissão tardia e cínica não lhe perdoa, exatamente porque é tardia e cínica.
Ficou do tamanho que é: um herdeiro de oligarquias, que controla e uso o poder que o sobrenome foi lhe trazendo e que trata o exercício do poder com a mesma irresponsabilidade que lhe valeu a fama de playboy mimado.
Resta saber o que não fazer com ele: se é melhor deixar que o fracasso recaia sobre sua inconsistência moral ou se tentarão uma muito improvável nova via para disputar as eleições.
O aeroporto de Cláudio foi sua bolinha de papel.
E essa, sim, capaz de provocar um estrago imenso.
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