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Pensamentos aleatórios

8 de setembro de 2017

Joesley Safadão

O empresário Joesley Batista, dono da marca Friboi e da poderosíssima JBS, considerado um dos maiores empresários do país, se implicou novamente com os áudios que circularam nos corredores do Poder Judiciário e imprensa. Este pode ser o fio de uma meada que o levará para a prisão – e do seu irmão Wesley Batista, que também assinou colaboração com a Justiça.

Figura mítica da produção de proteína animal que começou seu império com a venda de carne em Goiás para a região Sudeste e posteriormente exterior, Joesley entra para a história como suspeito de ser um dos maiores corruptores do país. Ele assume que 1.829 políticos receberam propina ou alguma facilidade da JBS. Trata-se da maior ação corruptiva do mundo em proporções e número de pessoas envolvidas, o que dará trabalho de pelo menos duas décadas para o Judiciário brasileiro.

A novidade, todavia, é sua loquacidade para soar imoral. Após o Supremo Tribunal Federal (STF) liberar os áudios coletados pela Procuradoria Geral da República (PGR) – em que Joesley e outros integrantes da empresa resolveram gravar tendo em vista a colaboração premiada – o que se ouve é um representante da elite brasileira com pouco receio das instituições e um grande poder de articular e negociar com os principais mandatários do país. Nos diálogos, Joesley transita pelos poderes como um ser sobrenatural. Supremo Tribunal Federal (STF), parlamento e poder Executivo são esmiuçados pela visão de mundo do goiano de Formosa.

Nas quatro horas da gravação divulgadas pelo STF, Joesley demonstra uma tranquilidade capaz de imobilizar as instituições jurídicas do país. Ele parece duvidar de qualquer reação do Estado.

Conforme o áudio, o acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República foi fechado de forma favorável a ele e aos negócios do grupo J&F. Enquanto Joesley está tranquilo, o executivo Ricardo Saud demonstra receio.

Em resumo, o lado político da gravação trata de um possível esquema de parceria com o ex-procurador Marcelo Miller, que optou em deixar uma carreira certa no Ministério Público Federal para se aventurar na iniciativa privada – mais especificamente próximo aos interesses do delator.

Toda a situação surge no âmbito das investigações da Operação Lava Jato, que visa moralizar os poderes Executivo e Legislativo. Mas a partir dos áudios de Joesley os demais poderes – Judiciário e o Ministério Público Federal – se complicam a ponto da própria Lava Jato passar a ser suspeita.

Joesley trata o sexo como fetiche em uma das passagens. O codinome “Safadão”, do cantor Wesley, cai bem no goiano. Em um trecho, diz que encomendou um prostituto e que se precisar o sexo deve ser feito para atender aos objetivos da empresa. Por sua vez, em outro momento, trata o sexo como hobby. Muita música de Ivete Sangalo ao fundo, descontração para tratar de algo sério e palavrões são percebidos. A esposa Ticiana Villas Boas é tratada em algumas passagens. Mas em outras parece não existir para Joesley. (2h13min)

“Desde o início, ela (Ticiana) era acostumada a andar com um bananão. Rapaz, ela sofreu, até ela ver que da minha vida ela não ia saber de nada. Ela bateu, bateu, uma hora ela sublimou, desistiu”, diz Joesley para um Saud sempre preocupado.

No diálogo, no trecho “proibidão” para menores, o empresário pouco refinado em música, pede para alguém aumentar o volume: “É Ivete, pode aumentar mesmo”(2h10). Aí entra em outro assunto: sexo com mulheres mais velhas.

Em um trecho do áudio, que já circula na internet, Joesley fala sobre um dos seus fetiches sexuais: “Rapaz, eu vou comer duas véias (sic), eu ando invocado de comer véia. Acho que vou comer duas veinhas (sic). Acho que é fase. Velhinha meio de cinquenta. Eu tenho que comer umas de cinquentinha. Casadinha, tal, só pra ver chupando a pica.” (2h14min)

Outros trechos impublicáveis se seguem até que Joesley e amigo acabam em uma crise de gargalhadas.

Em outra parte, Joesley mostra que tem superpoderes: ele poderia “ler o pensamento das pessoas” e que sabe o que o Ministério Público vai fazer. O trecho que talvez seja mais comprometedor é o que ele garante que não será preso. Nele, Saud menciona várias vezes o nome de Marcelo Miller (ex-auxiliar de Rodrigo Janot) e diz que o ex-procurador sempre o tranquiliza a respeito das operações. Joesley ri: “tudo normal”. E depois fecha a frase: “Nós não vamos ser presos, ponto”.

Após a divulgação dos áudios, Joesley se desculpou, disse que mentiu em suas falas e assume que pretende colaborar com a Justiça, como manda a Lei 12.850/13. Por sua vez, a PGR começa a suspeitar que Miller atuou como “agente duplo” na delação de Joesley.

Durante o período das negociações, ele estava na PGR. Pouco tempo depois saiu do órgão do governo e migrou para a iniciativa privada, onde assumiu um cargo no escritório de advocacia que presta serviços justamente para a JBS.

Áudio completo abaixo:


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