Já tem 23 dias que as urnas revelaram que Jardel Sebba foi escolhido pela maioria da população para ser o prefeito de Catalão pelos próximos 4 anos. Foi realmente uma vitória emblemática em uma campanha disputadíssima, mas como todo mundo sabe a eleição ainda não terminou de fato, pois falta o julgamento do recurso de Jardel no TSE, o que está para acontecer nos próximos dias. E mesmo que aconteça o que está se desenhando (o indeferimento do recurso no TSE) a eleição ainda não vai terminar, pois ainda tem o STF como próxima instância, portanto pode ser que a novela continue por mais algum tempo.
Embora os dois grupos se mostrem tranqüilos quanto aos desdobramentos da questão, a verdade é que essa situação não é boa para ninguém. O grupo que ganhou nas urnas precisa articular o trabalho e a equipe para a gestão, mas como não existe uma definição fica apenas na expectativa e não conseguem programar sequer os primeiros passos, quanto mais os quatro anos do mandato. Já o grupo derrotado ainda tem esperança de se manter na gestão municipal e não consegue se movimentar em buscar de alternativas, pois a esperança é a última que morre (e às vezes ressuscita). No entanto, o principal no resultado da eleição não foi a vitória de Jardel sobre Adib, não foi simplesmente o desejo de trocar as pessoas que estão na prefeitura que motivou os catalanos a mudarem de prefeito, foi algo maior, que atende pelo nome de renovação.
Tanto Jardel quanto Adib são políticos tradicionais e nenhum dos dois poderia se apresentar como alguém “novo” para a população, no entanto a descrença com a classe política em geral (apenas dois dos vereadores que pleitearam a reeleição aumentaram seus votos, todos os demais diminuíram) e o desejo de mudança da sociedade catalana encontraram no discurso de Jardel a respostas aos seus anseios (trocar e renovar). Mas é preciso enxergar além do óbvio, a população não quis simplesmente trocar as pessoas que estão na prefeitura e agora espera do prefeito eleito renovação das políticas públicas (nomeação de secretários e demais comissionados por critérios mais técnicos que políticos) e novas formas de lidar com o dinheiro do povo (transparência e parceria). Não fazer isso será frustrar o desejo de mudança e renovação da população.
Para o Jardel tal tarefa não será difícil, pois tudo o que ele fizer será novo, só a troca da equipe que está há 12 anos à frente da gestão municipal será visto como uma enorme mudança, mas é preciso avançar, sob o risco de ser ele a ter um recado das urnas na próxima eleição. Já se for Adib o empossado a tarefa será dificílima, dolorosa até, mas se não for feita já nos primeiros dias do mandato o eleitorado terá a certeza que o recado que mandaram não foi ouvido e aí uma nova mensagem muito mais forte e marcante será enviada e talvez sejamos testemunhas das primeiras manifestações populares para a renúncia de um prefeito na história recente de nossa cidade.
Catalão não quer simplesmente gente nova na prefeitura, quer ir além, quer renovação das práticas políticas, quer políticos mais preocupados com a cidade do que com sua reeleição, quer uma gestão ágil e transparente do dinheiro público, quer desenvolvimento econômico e social para todos, quer serviços públicos inovadores e de qualidade, quer mais cultura, esporte e lazer, quer menos violência e quer avanços na saúde e na educação. Esse é o recado das urnas para o próximo prefeito de Catalão, seja ele quem for.