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Pensamentos aleatórios

17 de dezembro de 2015

“Foi fazer a unha, Fabíola?” Não tem bonzinho no quebra pau no motel por traição*


As redes sociais se fartaram com a exposição do flagrante de adultério de uma bancária de Minas Gerais, pega saindo do motel com o melhor amigo do marido. É um cardápio saboroso para quem aprecia a desgraça alheia, afinal, trata-se de um enredo em que todo mundo tá errado: a Fabiola, o amante gordinho, o marido expondo os dois e o amigo cineasta.

O vídeo tem exposição demais, abuso e agressão contra a mulher. Nenhuma traição justifica o que esse cara fez. Fabíola errou ao trair o marido? Se na relação deles o acordo é de fidelidade mútua, sim. Ela também deu aquele álibi básico, "vou fazer a unha", mas acabou pega em flagrante bem longe do salão de beleza.

Mas o tal Leo, que era melhor amigo do marido dela e também casado, não foi para os Trending Topics. É como se, implicitamente, a traição dele fosse menor do que a dela. O cara é homem, então tudo bem. O erro dele, no caso, não foi trair a esposa. Foi trair o amigo.

Em momento algum, o marido traído parte pra cima do cara. Quebra o carro dele, mas não encosta um dedo no fulano que destruiu sua confiança e levou sua mulher para o motel. No Twitter, pouquíssimas pessoas se manifestaram sobre a atitude. Falaram muito mais do fato de o amante ser gordinho, como se naquele amigo gordo você pudesse confiar mais, afinal, quem vai querer transar com ele? Pois é... A história só ajuda a mostrar que o desejo de viver uma fantasia vai muito além do peso.

Tem também o sambangão que filmou o barraco e vazou o vídeo. O cara instiga o traído, expõe a mulher e age como um moleque, se divertindo com uma situação que não tem graça nenhuma.

Os seres humanos adultos perderam completamente a medida do que é público ou privado. Um marido traído dar um flagra no melhor amigo com sua mulher é um problema que deveria ser resolvido entre eles. Mais ninguém. Há famílias envolvidas. Filhos. Crianças. A ideia de se vingar expondo ao mundo o barraco é de uma estupidez sem limites. Saem todos prejudicados. Estamos diante de uma geração imatura, que desaprendeu a resolver os problemas sozinha. É preciso jogar a coisa toda no ventilador das redes sociais, virar meme, ganhar o mundo, como se isso resolvesse alguma coisa.

O resultado dessa história em que só há vilões será nefasto para todos eles. Fabíola, a esposa traidora, dificilmente terá a reputação recuperada. O marido traído será, pra sempre, o corno estressado. O gordinho traidor perdeu, numa tacada só, o amigo, a amante e a família. E o babaca que filmou e vazou pode ter um bom lugar reservado para ele na cadeia da cidade. Triste o mundo que precisa do drama alheio para se divertir.

*Por Débora Bresser, em seu blog.


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