Em atenção à segurança da prova do ENEM, tão criticada anteriormente por enormes falhas no vazamento de provas e gabaritos, a organização da seleção este ano estabeleceu que quem burlasse as regras do certame e postasse em qualquer rede social imagens da prova feitas durante a realização do teste seria sumariamente desclassificado.
E foi realmente o que aconteceu. Graças e um impressionante monitoramento de quase 2 milhões de posts o INEP identificou 34 imagens da prova do ENEM e prontamente eliminou os candidatos que as fizeram. Um show de rigidez e competência.
Mas ficou uma dúvida: se para postar a imagem o sujeito teve que passar pela segurança e levar um smartphone para dentro da sala; ligar a internet do aparelho; abrir a máquina fotográfica; fazer a foto; escrever uma legenda; enviar para os servidores das redes sociais; esperar o carregamento da imagem e depois disso tudo guardar o aparelho para não ser descoberto (já que ninguém foi retirado de sala, apenas impedido de entrar no dia seguinte), o que garante que alguém, com menos vontade de aparecer, fez tudo isso e não usou o Google apenas para fechar a prova?
Pelo jeito a organização do ENEM pensa que o sujeito se arrisca levando um smartphone para a prova quer apenas aparecer para os amigos e não para fazer parte de um enorme esquema para fraudar o exame. E o pior é que acham que a população pensa o mesmo, pois as notas oficiais do MEC focam nos posts das imagens, mas ignoram o fato da enorme falha de segurança que as possibilitou e do estudo e organização que qualquer pessoa teria quer ter feito anteriormente para conseguir esse feito (e outro qualquer utilizando-se a web).
O pior cego não é aquele que não quer ver, mas sim aquele que não quer ver e acha que todo mundo não vê também.
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