Catalão, viver aqui é bom demais!!!
Ou era, há mais ou menos 10 anos atrás.
Antigamente eram raros os casos de morte, roubos, assaltos à mão armada, furtos, uso de drogas, etc... hoje é rotina. Qualquer um que escuta o programa da Ronda Policial na Liberdade FM tem a impressão que está vivendo em uma cidade grande (no mau sentido), pois todos os dias há registros de ocorrências criminosas envolvendo o uso de violência, seja física ou psicológica. Parece que voltamos a viver nos anos violentos retratados por Cornélio Ramos e Ivan Santana: Catalão está se tornando novamente um "Faroeste de Sangue".
Ontem a cidade conheceu mais uma vítima do teatro de barbárie que tomou conta de Catalão nos últimos anos. Yasmim Martins de Souza Silva, uma criança de nove anos, foi encontrada morta dentro de uma casa em construção, na manhã desta segunda-feira (09/12), na rua 2017, esquina com a 2010, no Jardim Paineiras. A suspeita é de que a garota tenha sido estuprada antes de ser morta, pois foi achada com um pano enrolado na cabeça e nua da cintura para baixo. Um detalhe macabro: a menina estava abraçada a uma boneca, certamente colocada ali pela pessoa que a matou, o que demonstra uma mentalidade extremamente cruel e doentia.
A menina desapareceu na tarde desse domingo (08/12), estava na casa da avó, na rua Abdon Leite (próximo ao Colégio Estadual João Netto de Campos), quando saiu, sozinha, dizendo que iria para casa no Bairro das Américas, mas não chegou ao local. Ela só começou a ser procurada à tarde, pois era comum que sumisse por longos períodos de tempo, andar sozinha pela cidade e conversar com estranhos, de quem se aproximava e fazia amizade fácil, pois era comunicativa e simpática. Yasmim saiu da casa da avó trajando um vestidinho curto e carregando uma bonequinha, daquelas antigas, estilo bebezão, sem cabelo e que são distribuídas pela OVG à população pobre no dia das crianças, mas nunca chegou com vida à casa da mãe. Seu corpo foi encontrado apenas no dia seguinte, do outro lado da cidade, distante cerca de três quilômetros da casa da avó. A criança foi morta com pauladas na cabeça, provavelmente tábuas da própria construção, após ser estuprada com violência por um louco que se aproveitou da inocência da criança para conduzi-la à construção onde sua breve vida teve fim.
Mãe de Yasmin segura a boneca da filha no local onde corpo foi achado (Foto: Thiago Ferreira/Diante do Fato) |
A tragédia já ocorreu e não há o que fazer além de encontrar e punir severamente o autor (ou autores), mas algumas questões tem que ser respondidas para evitar que se repita, em especial sobre a criação desta menina que frequentemente era vista andando sozinha pelas ruas da cidade, se aproximava de estranhos sem nenhum receio, ficava até altas horas em residências de terceiros e que o Conselho Tutelar diversas vezes alertou a família dos perigos de tal comportamento, mas sem nenhuma atitude concreta tomada para preservar a integridade dessa criança. Até onde a carência (afetiva) dessa menina e a irresponsabilidade da mãe contribuíram para essa tragédia? Lembrando que ela, e outras famílias na mesma condição, tem mais filhos e a sociedade não toma conhecimento dos problemas a que essas crianças estão sendo expostas cotidianamente (Catalão tem índices de abuso sexual infantil comparáveis ao de Aparecida de Goiânia, que tem 400 mil habitantes) e o que o poder público está fazendo para preservar a vida e o bem-estar dessas crianças (orientação familiar? condições de trabalho para o Conselho Tutelar?).
Catalão já não é mais a cidade das flores, ou o local onde viver é bom demais. Hoje quem tem caminhonete é vítima potencial de criminosos; portões tem que ficar trancados sob o risco de invasão; residências tem que ter alarmes, monitoramento e câmeras de segurança; quem sai do banco com muito (ou pouco) dinheiro é assaltado; farmácias e postos de gasolina não podem funcionar 24 horas; e, algo que todo mundo já sabia, crianças precisam de atenção e carinho, educação e disciplina, e não podem mais brincar sozinhas nas ruas.
Mas fomos lembrados disso da pior forma possível.
Yasmim: simpática, comunicativa, carente de afeição e vítima |