Confira a imagem abaixo:
Trata-se de um print do Jornal Opção, noticiando com destaque a presença de 42 prefeitos de oposição no evento de lançamento da candidatura à reeleição do governador Marconi Perillo. A mensagem para o leitor é clara: a candidatura de Marconi é tão forte que atrai até os prefeitos cujas legendas tem outros candidatos. E isso se deve, claro, à gestão competente e republicana do Governador, que investe nos municípios independente das siglas partidárias (se bem que nas cidades onde o gestor é de situação acontece o inverso, o município é que investe no Estado, vide Catalão).
Essa é a mensagem transmitida.
O que o Jornal Opção não informa aos seus leitores é que a presença desses prefeitos não se dá devido a posição republicana de nosso governador, nem tampouco por gratidão pelos recentes investimentos do Governo do Estado nessas prefeituras, feitos durante as recentes "Caravanas de Governo" anunciados com enorme destaque na mídia goiana nos últimos dias, a presença dos prefeitos se deu por pura e simples pressão da máquina governamental. Máquina essa pública e que não deveria ser usada para promoção pessoal, mas que aqui em Goiás é tranquilamente usada para esse intento sem qualquer questionamento, seja do Ministério Público ou da imprensa.
Sobre essa situação encontrei um post no site Goiás de Verdade (claramente de oposição ao Governo, portanto tendencioso), que compartilho abaixo, pois acho que contempla bem o mecanismo de pressão usado pelo Governo de Goiás para garantir a presença de prefeitos de oposição no palanque tucano.
Marconismo, imprensa e tiranias democráticas
A democracia é a forma mais forte e expositiva de governo, por ser a mais afeita à polêmica; por ser, portanto, o regime que mais se sustenta numa esfera argumentativa, a arena que sedia as disputas retóricas.
Porém o que vemos em Goiás em tempos de Marconi Perillo é deprimente. Lamentavelmente, Goiás tem vivido um tipo de anomalia democrática, que consiste em, primeiramente, pressionar prefeituras para, em seguida, traduzir os gestos de pressão em apoio político ao governador e em agenda do governo. E por que pressionar faz sentido coletivamente? Porque esta é uma forma de se ganhar visibilidade massiva; é a garantia de que, imediata e sucessivamente, as cenas estarão na mídia, nas redes sociais e à vista de toda uma população.
O governador Marconi utiliza a máquina pública para então pressionar prefeitos da oposição, caso esses mesmos prefeitos não declarem apoio ao seu projeto político, nenhum tipo de benefício aquela cidade receberá do governo. Benefícios esses de qualidades questionáveis. Pois todos os prefeitos que cederam à pressão criminosa do abuso econômico e político de Marconi perceberam que os asfaltos eram mau feitos, pulavam etapas de sua produção e vão embora nas primeiras chuvas. Escolas que são divulgadas como “reformadas”, recebem apenas uma mão de tinta. Tudo isso devidamente propagandeado pelos quatro ventos em Goiás, tanto o pacote de benefícios, quanto o apoio do prefeito que é de um partido opositor.
E o que a imprensa tem a ver com tudo isso? Ela é por excelência a instituição sede da democracia e garantia da livre circulação das ideias, argumentos e propostas. Ou, pelo menos deveria ser. Mas, para isso, não basta haver efetivamente liberdade de imprensa, é preciso que haja maturidade cívica e, com ela, saber-se que não à toa os jornais, revistas e emissoras de rádio e TV já foram e ainda são chamados de tribunas. Tribunas essas que são financiadas aos milhões com dinheiro público dos cofres do Estado de Goiás. O crime acima citado é feito por etapas, depois da pressão sobre os prefeitos, o governador Perillo inunda os jornais, revistas, rádios e emissoras de TV com propagandas do Estado para assim garantir amenizar as críticas sobre sua gestão e acima de tudo pautar notícias veiculadas. Além de blogs, sites e um exército de pseudo-jornalistas pagos com dinheiro do estado para manter de pé uma trincheira de ataques a qualquer oposição e de defesa ao marconismo e marconistas.
Retomando...
Recentemente Erick Marcus, prefeito de Goiandira e filiado ao PT, recebeu a Caravana do Governo e publicamente elogiou a atitude do Governador em levar benefícios a seu município. Mesma coisa fez Onofrinho, prefeito de Ouvidor e PMDBista, que recebeu a comitiva do Governador e inaugurou uma rodovia cuja conclusão há 20 anos não saía do campo das promessas.
Ora, seria esperado que esses dois prefeitos, na qualidade de gestores responsáveis e eleitos pelo povo para fazer o melhor uso possível do parco e precioso dinheiro público, se negassem a receber tais benefícios do Governo?! Nem o mais inepto gestor recusaria receber mais verbas. Portanto, nada mais normal do que ceder ao apelo e abrir as portas da prefeitura para o dinheiro do Estado, que afinal é para todos os municípios e não só para os geridos pelos aliados.
Mas a mídia paga pelo Governo de Goiás noticia a abertura de portas como adesão política e pune a negativa, quando há, com notícias imputando aos prefeitos a pecha de aproveitadores:
O print acima, também do Jornal Opção, foi publicado cerca de 12 horas depois da nota indicando a suposta adesão dos prefeitos petistas à candidatura de Marconi, justamente porque estes negaram o fato, inclusive declarando que foram "enganados" ao encontro político do Governador, pois teriam sido convidados para uma reunião de assinaturas de convênios. Sei...
Bom, o fato é que, pressionados ou por gratidão, esses prefeitos de oposição compareceram ao evento, e mesmo que essa presença não se traduza em palanque governista nas próximas eleições a fatura de não comparecer certamente seria cobrada por quem está com a máquina na mão que, gostando ou não, ainda é o favorito para continuar governador nos próximos dois anos de mandato que restam a esses prefeitos. E da mesma forma que o governador vem, em ano de eleição, distribuir bondades pode ficar nos próximos quatro anos prejudicando os prefeitos e fortalecendo seus adversários. E quem é que pode se dar ao luxo de peitar a máquina de propaganda negativa do Governo?
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