O último capítulo da novela Império exibiu um parricídio: José Pedro (Caio Blat) matou o próprio pai José Alfredo (Alexandre Nero), com quem disputou poder e dinheiro. Este é “o crime mais bárbaro da humanidade”, disse o pai antes de morrer. A cena é chocante por mostrar mais que um cruel assassinato, mas a tragédia de uma família desestruturada, que nunca se uniu pelos laços do amor, mas se desmantelou pela ganância e pela inveja.
O parricídio não é invenção do folhetim. A ficção busca inspiração na vida real e já produziu um dos maiores clássicos da humanidade, Édipo Rei, tragédia grega escrita por Sófocles por volta de 427 a.C. , que conta a história do rei que mata o pai e casa-se com a mãe.
Apesar de ser este o “crime mais bárbaro da humanidade”, os defensores da família, da tradição e dos costumes não fizeram nenhum movimento ou protesto contra o parricídio da novela Império. No entanto, religiosos, tradicionalistas e a já barulhenta Frente Parlamentar Evangélica protestaram contra o beijo das personagens Estela (Nathalia Timberg) e Tereza (Fernanda Montenegro), duas senhoras octogenárias, na nova novela Babilônia.
O Brasil acredita ter um povo ordeiro e pacífico, uma mentira repetida à exaustão que se transformou “verdade”. O brasileiro é, na realidade, violento, pois nenhum país alcança os mais altos índices de assassinato por grupo de 100 mil sendo ele pacífico.
Na vida real histórias de violência doméstica são tão comuns que casos como de Suzana Richthofen, que ajudou a matar seus pais, ou do publicitário Gil Rugai, condenado pelo assassinato do pai, Luiz Carlos Rugai, e da madrasta já se banalizaram.
A desestruturação familiar está na raiz do aumento do consumo de drogas lícitas e ilícitas, em especial do álcool e do crack, este já uma epidemia. A polícia atribuiu o aumento de homicídios ao crescimento do consumo de drogas, mas o mesmo não acontece com outros países que também registram alto número de dependentes químicos.
A população carcerária do Brasil cresceu 630%, de 90 mil para 567.655 presos, de 1990 a 2014, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça. Isso desmistifica que se prende pouco no país e que por isso a violência não diminui. Se o número de prisão fosse inversamente proporcional ao da redução da violência o Brasil viveria em paz não em guerra.
A desestruturação das famílias é, sim, um grave problema social, mas não surgiu do “modismo”, como a Frente Parlamentar classifica o beijo gay. Um beijo, seja ele qual for, é um ato de amor e esse gesto não provoca destruição ou violência.
O que destrói é o desamor, a inveja, a ganância, o preconceito, a intolerância. E não adianta querer proibir ou boicotar novela, pois ela apenas repete a realidade. E mesmo que isso fosse possível ninguém conseguiria “desligar” os beijos gays do mundo real.
O parricídio não é invenção do folhetim. A ficção busca inspiração na vida real e já produziu um dos maiores clássicos da humanidade, Édipo Rei, tragédia grega escrita por Sófocles por volta de 427 a.C. , que conta a história do rei que mata o pai e casa-se com a mãe.
Apesar de ser este o “crime mais bárbaro da humanidade”, os defensores da família, da tradição e dos costumes não fizeram nenhum movimento ou protesto contra o parricídio da novela Império. No entanto, religiosos, tradicionalistas e a já barulhenta Frente Parlamentar Evangélica protestaram contra o beijo das personagens Estela (Nathalia Timberg) e Tereza (Fernanda Montenegro), duas senhoras octogenárias, na nova novela Babilônia.
O Brasil acredita ter um povo ordeiro e pacífico, uma mentira repetida à exaustão que se transformou “verdade”. O brasileiro é, na realidade, violento, pois nenhum país alcança os mais altos índices de assassinato por grupo de 100 mil sendo ele pacífico.
Na vida real histórias de violência doméstica são tão comuns que casos como de Suzana Richthofen, que ajudou a matar seus pais, ou do publicitário Gil Rugai, condenado pelo assassinato do pai, Luiz Carlos Rugai, e da madrasta já se banalizaram.
A desestruturação familiar está na raiz do aumento do consumo de drogas lícitas e ilícitas, em especial do álcool e do crack, este já uma epidemia. A polícia atribuiu o aumento de homicídios ao crescimento do consumo de drogas, mas o mesmo não acontece com outros países que também registram alto número de dependentes químicos.
A população carcerária do Brasil cresceu 630%, de 90 mil para 567.655 presos, de 1990 a 2014, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça. Isso desmistifica que se prende pouco no país e que por isso a violência não diminui. Se o número de prisão fosse inversamente proporcional ao da redução da violência o Brasil viveria em paz não em guerra.
A desestruturação das famílias é, sim, um grave problema social, mas não surgiu do “modismo”, como a Frente Parlamentar classifica o beijo gay. Um beijo, seja ele qual for, é um ato de amor e esse gesto não provoca destruição ou violência.
O que destrói é o desamor, a inveja, a ganância, o preconceito, a intolerância. E não adianta querer proibir ou boicotar novela, pois ela apenas repete a realidade. E mesmo que isso fosse possível ninguém conseguiria “desligar” os beijos gays do mundo real.
*Por Cileide Alves, em O Popular, de 22 de março de 2015.
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