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Pensamentos aleatórios

19 de março de 2015

Política e mídias: precisamos aprender mais

 

Em tempos de manifestações que juntam milhares de pessoas, ao mesmo tempo, em várias cidades do país, organizadas principalmente através das redes sociais, convém ler o texto abaixo, de autoria de Rogério Borges, publicado hoje, 19 de março, no jornal O Popular, especialmente para compreender a dinâmica deste universo virtual e saber como usa-lo para o bem:

Política e mídias: precisamos aprender mais

Em tempos de manifestações convocadas pelas redes sociais, política e novas mídias e tecnologias estão na boca do povo. E nos smartphones, nos celulares, nos computadores de casa, do trabalho... A explosão de novos meios de comunicação, com suas ferramentas de incrível agilidade, deu outra dinâmica a muitos aspectos da vida, incluindo aos debates sobre o País, às formas de interação com os acontecimentos à nossa volta, aos acessos à informação e às oportunidades de opinar.
Há, no entanto, um sombra a pairar sobre esse contexto. Ao mesmo tempo em que mais e mais gente debate política, contesta governos, reclama da corrupção – o que é ótimo –, há também um aumento exponencial de manifestações de ódio, de xingamentos trocados entre aqueles que divergem sobre um tema, de discursos que idolatram o retrocesso – o que é preocupante.
Os protestos dos últimos dias contra a presidente Dilma Rousseff deram mais uma demonstração de que o civismo pode caminhar, muitas vezes, acompanhado de perto da desinformação. Muita gente ainda acha que se houver o impeachment da presidente, quem assume é o candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, o tucano Aécio Neves, algo que não é verdadeiro. E até mesmo conversando com vários amigos que foram às ruas no último domingo, muitos me disseram que não pediam a queda da presidente e sim uma reforma política. Eles, porém, engrossaram um protesto coordenado por movimentos que querem, sim, o impeachment e já articulam idas a Brasília para trabalhar por esse objetivo. A mesma falta de sintonia de intuitos pode ser constatada na internet, onde as expressões mais exaltadas são numerosas e não falta quem defenda, sem pudores, um golpe militar, que alguns chamam de constitucional, como se isso existisse.
O que se vê, em larga medida, é a união entre o desconhecimento sobre as engrenagens políticas do País – denotado, entre outros sintomas, pela crença de que todos os problemas se resumem a uma pessoa ou a um partido político, ignorando (talvez propositalmente) que há outros atores envolvidos nos problemas que enfrentamos, como o Congresso Nacional – e um uso nem sempre muito comedido das novas mídias, onde esses equívocos encontram amplo espaço para se expandirem. E qual seria a solução? O que fazer para minimizar os efeitos de mistura tão nefasta?
Está sendo estudada uma reforma do currículo escolar do ensino médio, algo que devemos acompanhar de perto. Não seria o caso de incluir disciplinas que pudessem formar melhor nossos jovens tanto sobre nossa história política e de como ela se desenvolve atualmente, dizendo exatamente qual poder é responsável pelo quê, o que significa uma eleição, como são os sistemas políticos em outros países em comparação com o nosso? Ao mesmo tempo, não seria interessante uma educação para as mídias, em que fossem debatidos, entre outros temas, questões sensíveis, como as expressões de ódio e preconceito nas redes sociais, como encontrar informações confiáveis, como não compartilhar e ajudar a divulgar bobagens, boatos e mentiras?
Não proponho nenhum tipo de doutrinação político-partidária ou qualquer modalidade de censura na comunicação, mas acho que deveríamos todos nós – adultos, jovens, crianças – ter uma dimensão melhor das responsabilidades que assumimos ao defender uma postura política e como podemos usar com maior sabedoria as novas tecnologias de informação. Acho que todos ganharíamos e, certamente, teríamos menos pessoas defendendo golpes, menos ofensas e mais argumentação, menos violência e ignorância virtual e mais respeito mútuo. Infelizmente, o quadro hoje é o de confrontação, não de diálogo.

Gostei bastante deste texto, pois acho que serve bem para todos que se manifestam politicamente na rede (quase todo mundo) e especialmente para os catalanos que elegeram o Facebook como campo de batalha, sem nenhuma ética e com um exército de fakes dispostos a explodir toda e qualquer relação de boa convivência apenas para agradar seus senhores, que na maioria dos casos nem sabe que eles existem ou se portam de maneira tão agressiva.

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