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Pensamentos aleatórios

19 de março de 2015

Padre Luiz Augusto e o noivado com o vil metal


Hoje, 19 de março de 2015, o jornal O Popular noticiou que o padre Luiz Augusto Ferreira, funcionário fantasma da Assembleia Legislativa de Goiás (há 20 anos recebe 11 mil reais por mês sem trabalhar) confessou à Polícia Civil que gastou o dinheiro recebido durante todo esse tempo, contrariando o primeiro depoimento em que afirmou que não teria tocado num único centavo do salário recebido ilegalmente nesses 20 anos.

O padre teria confessado também que não tentou pedir demissão em nenhum ocasião durante todo esse tempo, mudando a versão inicial em que teria tentado pedir demissão ao menos por oito vezes, todas negadas pelos diversos presidentes da casa em cada uma das ocasiões.

Confesso que fiquei impressionado com a cara de pau do padre, que mesmo pego em flagrante delito ainda insiste em manter o emprego na Assembleia e a batina, pois não vê nada de mais em receber 2 milhões de reais sem trabalhar. Não sei ao certo, mas acho que receber sem trabalhar não deve ser uma atitude condizente com os votos feitos por alguém que optou por servir Deus e a Igreja Católica. Tenho certeza que não é compatível com o direito administrativo e a ética no serviço público e que a atitude esperada de alguém flagrado em tal situação seria o pedido de demissão e a devolução dos valores recebidos indevidamente, mas o padre parece não pensar assim (por se julgar acima da lei dos homens, quem sabe?).

Mas talvez o amor do padre Luiz Augusto pelo vil metal seja maior do que sua devoção à Santa Madre Igreja (e à Deus e aos fieis que ainda lhe depositam fé), já que não é a primeira vez que é pego com as calças curtas fazendo algo que não condiz com a conduta de um representante de Deus e insiste em não ver nada de errado nisso, conforme o texto abaixo, publicado em fevereiro de 2013 no blog do jornalista Rosenwal Ferreira, que já denunciava a preferência do padre por aqueles que tem mais dinheiro em detrimento dos que sofrem, uma atitude nada cristã, ainda mais para um padre. Confira:

Padre Luiz Augusto e o noivado com o vil metal
Como se fosse uma vela acessa a derreter parafina, o Padre Luiz Augusto se desmorona aos poucos mostrando que a cúpula da Igreja Católica estava certa em frear seus arroubos. Sob o manto do bom cristão, e com uma oratória capaz de arrebatar corações, ele foi tomando gosto na arte de encher as tulhas de sua paróquia com o capim do capitalismo selvagem. Com o foco no vil metal, mesmo que direcionado a bons propósitos, se enriqueceu de amigos endinheirados tornando-se, por excelência e de propósito, um pop star entre os ricos e famosos.
Fiel ao estilo capaz de paparicar quem possui gaita para tocar o que dá na telha, ele foi um dos primeiros a visitar, na delegacia, o empresário Maurício Sampaio, apontado como principal suspeito de ser o mandante do assassinato de Valério Luiz, o radialista. Nada de errado com o gesto. Até acho que o soberbo milionário, dono de cartório, emissora de rádio, fazendas e centenas de propriedades, é uma alma amargurada que precisa de conforto. Sobretudo se for comprovada sua diabólica participação num crime com tamanha crueldade e covardia.
O desconforto é que o Padre nunca foi de rezar o terço junto às figuras envolvidas em delitos de sangue. Ao que tudo indica Maurício Sampaio é de uma casta que merece expedita ação do pregoeiro da Santa Sé. Imagine deixar ao léu das grades uma ovelha capaz de assinar cheques e doações capazes de balançar crucifixos? Deus nos livre de tamanha heresia. Deve ter raciocinado o Padre dos podres de rico e dos ricos que se fazem podres.
Mesmo sendo amigo de santos que se invoca de joelhos, Padre Luiz não teve proteção e acabou esbarrando, na porta do Distrito Policial, com o sofrido Mané de Oliveira que ainda carrega no peito o coração inerte e ensanguentado do filho executado a sangue frio. Com olhar dilacerado pela dor, Mané ainda encontrou forças para cravar uma indagação visceral: “Padre, o senhor não foi rezar no enterro do meu filho!” Pobre Mané, diria Carlos Drummond, a algibeira da família dele não é das que atraem as batinas do Padre Luiz.
De qualquer forma, tudo indica que o poderoso Maurício Sampaio vai precisar mais do que missas encomendadas para se livrar da canga que lhe pesa os ombros. É fato que seu quarteto de advogados é um vulcão que jorra poderes e influências que somente as grandes fortunas conseguem ajuntar no mesmo curral. É por isso que mesmo no sufoco ele sorri com indisfarçável ironia. Felizmente os tempos são outros. A investigação policial não se curva aos barões da dinheirama, o judiciário se firma como um poder acima das nobrezas que pensam controlar a tudo e a todos, a imprensa continua livre e as redes sociais representam um extraordinário papel. Como se não bastasse, a justiça divina não reza na mesma cartilha do Padre Luiz. Na bíblia está escrito: “vinde a mim os mansos e humildes de coração.” Sugiro ao Padre Luiz, a quem já tive a oportunidade, no passado de elogiar e admirar, que releia as escrituras no tocante aos ricos...

E quem contribuiu com essa prática criminosa do padre Luiz Augusto ao longo desses 20 anos não pode ser diferente dele, afinal "Dize-me com quem andas que te direis quem és". 

Explica muita coisa que acontece em Catalão hoje...

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