Publicado originalmente no Jornal Opção:
O professor-doutor Orlando Afonso Valle do Amaral é, sem dúvida, um reitor competente e, frise, de rara integridade. Sua gestão é equilibrada, coerente e democrática. Mas pegou a Universidade Federal de Goiás — como, aliás, as outras — num momento de crise aguda. Crise, por sinal, menos da UFG e mais do país. Nos tempos do PT, notadamente quando o país crescia acima de 7%, as universidades nadaram em dinheiro. Por isso, os reitores, os que eram produtivos, como Edward Madureira, puderam fazer obras e investir mais em pesquisas.
Orlando Amaral, embora faça uma gestão produtiva e inovadora — pouco divulgada pela mídia e talvez até por ele, dados seu antipopulismo e sua discrição —, não goza da mesma popularidade de Edward Madureira. Se quiser, poderá disputar a reeleição, e com chance de vitória. Porém, se não disputar, como vem sendo comentado nos corredores da universidade, deve bancar a candidatura de Edward Madureira. Há, no momento, um certo clamor por sua volta. Por quê? Simples: é o único pule de dez.
Recentemente, apesar da insistência dos prefeitos Iris Rezende e Gustavo Mendanha, Edward Madureira foi convidado para o cargo de secretário de Educação de Goiânia e de Aparecida de Goiânia. Sentiu-se honrado pela lembrança, que comprova sua vitória como educador e gestor, mas recusou a missão. Perdem as duas cidades. Mas a UFG ganha de duas maneiras. Primeiro, porque faz um trabalho de mérito na UFG, no curso de agronomia — e até extrapolando a área —, que dará o que falar nos próximos anos. Segundo, porque terá um reitor com forte presença interna e externa (no governo federal e na sociedade). O uso de “terá” é explicável: é muito difícil, talvez até impossível, derrotá-lo numa disputa para reitor.
Há alternativa, em termos de experiência e competência, a Edward Madureira? Há, se Orlando Amaral for candidato à reeleição. Há outros professores igualmente competentes, como mestres e pesquisadores, mas sem a experiência dos dois (ressalte-se que Orlando Amaral participou da gestão de Edward Madureira, daí sua experiência ser ampla, e mesmo antes de ser reitor).
Entregar a UFG para grupos ideológicos — no sentido de que a ideologia está acima do ato de dar aulas e de fazer pesquisas do interesse da coletividade — será excelente para determinados grupos de esquerda, mas será nefando tanto para os estudantes e professores quanto para a sociedade. Orlando Amaral e Edward Madureira são de esquerda, mas de uma esquerda moderada e atenta mais à educação do que ao debate puramente ideológico e partidarizado. Eles postulam a melhoria social, mas também o mérito acadêmico e a ligação da universidade com a sociedade.
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