Imagine a seguinte situação:
Se você fosse um Juiz do Tribunal Internacional de Haia (que julga os crimes contra a humanidade) e Judas Iscariotes, o personagem bíblico cujo nome é sinônimo de traição em qualquer parte do mundo ocidental, beneficiando-se de um indulto para saída temporária da cela da prisão que divide com Hitler no Inferno, surgisse hoje, 2000 anos depois da crucificação de Jesus Cristo, perante o Tribunal propondo um acordo de delação premiada... você aceitaria esse acordo?
Pense bem: Judas contaria exatamente quem financiou as 30 moedas de prata que compraram sua fidelidade, contaria também o verdadeiro papel dos Saduceus na trama, revelaria se Pilatos realmente lavou as mãos e confirmaria se Barrabás foi mesmo o escolhido para ser liberto ou se a votação foi manipulada.
Em troca de revelar tudo isso Judas receberia o perdão da cristandade, perderia a alcunha de traidor, deixaria definitivamente sua prisão no Inferno, comporia o panteão de santos católicos (com a alcunha de "o santo redimido") e ganharia uma morada no céu (na periferia, é claro, com vista apenas para a nuca de deus, para não chatear os outros apóstolos que se mantiveram fieis durante todos esses anos).
É ou não é um bom acordo? Confirmar tudo o que você já sabe, que já está amplamente registrado e descrito na bíblia há 2000 anos, que é de amplo conhecimento de todo mundo e ao pequenino custo de redimir um nome que ninguém sequer ousa colocar em seus filhos?!
Você aceitaria esse acordo de delação?!
Eu não aceitaria, mas delações e alianças políticas não são feitas pensando em agradar a maioria, lamentavelmente.
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