Quem é doido de falar mal da Marina?
Principal líder socioambiental no Brasil, Marina Silva é exemplo de superação. Nasceu no meio do seringal, com 14
anos aprendeu as primeiras noções de matemática, para ajudar o pai na
venda da borracha. Ficou órfã de mãe aos 15 anos. Foi empregada doméstica, contraiu malária e leishmaniose. Aprendeu a ler e escrever no Mobral, apenas aos 16 anos.
Completou o 1º e 2º graus fazendo supletivo. Conclui o curso de História na Universidade Federal do Acre e começou a lecionar e atuar no sindicato dos professores. Sua
vida política teve início em 1984, quando fundou junto com o
ambientalista Chico Mendes, a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Em quase 30 anos de vida pública, ganhou reconhecimento dentro e fora do
país pela defesa da ética, da valorização dos recursos naturais e do
desenvolvimento sustentável. Uma reputação construída em mandatos de
vereadora, deputada estadual, senadora e no período em que esteve à frente do Ministério do Meio
Ambiente, entre janeiro de 2003 e maio de 2008, o que a cacifou a disputar a Presidência da República em 2010, pelo PV (Partido Verde) ficando em 3º lugar na disputa.
Agora Marina põe novamente sua biografia e prestígio à prova, percorrendo o país para fundar um novo partido político, o Rede Sustentabilidade, que visa ser uma legenda capaz de abrigar candidaturas de cidadãos que compartilhem de seus ideais, comprometida
com a transparência de seus processos internos e empenhada na renovação
de suas lideranças, que promete aprofundar a democracia no Brasil e superar o monopólio partidário da
representação política institucional.
Sei.
Marina começa mal sua rede. O projeto pode ser lindo, escrito de uma forma a pegar todos aqueles desiludidos com a política partidária, mas no fundo só serve para criar uma legenda para tocar um projeto pessoal: a candidatura à presidência. Mesmo com a experiência de 30 anos de vida pública Marina comete um equívoco e ofende os brasileiros que acreditaram em seu discurso e lhe deram o voto no primeiro turno as eleições presidenciais, repetindo o mesmo expediente que fazem os caciques insatisfeitos com suas legendas: montam outro time para poder mandar.
O discurso de Marina continua lindo. Diz que o problema da política não são os políticos sem compromisso, mas sim os partidos e que o Rede vai mudar isso. E se pelo discurso não dá para perceber a real intenção desse projeto é possível fazê-lo analisando as pessoas que se aproximam: ciceroneando Marina em Goiás estão Elias Vaz e Martiniano Cavalcante, ambos do PSOL, que estavam para ser expulsos do partido por envolvimento com o Cachoeira; em Catalão quem guia Marina é Fernando Safatle, que já foi do PT, do PMDB, do PSDB, voltou para o PT e agora voa novamente com os tucanos. Fernando foi membro fundador do PT catalano, sendo sua maior realização não permitir o crescimento local do partido. Sempre provocou rachas quando as decisões do grupo não o agradavam, sabotou seguidas vezes as candidaturas a vereador do partido, com destaque para a candidatura de Gabriel de Melo, em 2004, e à chapa completa de candidatos do PT, em 2012. Fernando se destaca por sempre estar ocupando cargos públicos (por competência?), mesmo que o partido no poder seja diferente do que ele esteja filiado, e agora se aproxima de Marina e de sua Rede, pois precisa ser cacique de novo, já que finalmente foi expulso do PT e não quer se submeter a ser comandado por outro.
E assim, com pessoas desse tipo, Marina começa a tecer sua Rede. O sonho (verdadeiro?) de criar uma alternativa política ética e transparente vai ficando distante, pois a solução para a falta de ética na política não é criar novos partidos, mas sim mudar as pessoas que fazem esses partidos e só querem usa-los para benefícios pessoais e manutenção do poder em suas mãos.