Há quase dois anos ocorreu um acidente semelhante ao de ontem no cruzamento da avenida Wagner Estelita Campos com a avenida Raulina Fonseca Paschoal (um caminhão que perdeu o freio e desceu desgovernado a avenida vindo a arrastar vários veículos), a diferença do acidente de ontem ao de janeiro de 2012 é que desta vez, felizmente, não houve vítima fatal, o que não diminui o susto e a sensação de insegurança da população, que mais uma vez é surpreendida por um acidente de grandes proporções em pleno centro da cidade.
Na época do acidente de 2012 eu, assim como várias pessoas, fiquei consternado com o ocorrido e a trágica passagem da jovem Lara Paschoal (falecida aos 30 anos de idade) e enviei um texto para o Portal Catalão falando sobre o acontecido e que acidentes ocorrem por uma junção de vários fatores e não por omissão ou falha do poder público, que assim como hoje foi algo muito apontado na época.
Pois bem, republico aqui no blog o mesmo texto encaminhado em janeiro de 2012 ao Portal Catalão para provocar uma reflexão sobre as causas que levaram à repetição desta ocorrência e do que foi feito desde então para evitar tal sinistro, pois não é porque ninguém morreu desta vez que o acidente de ontem deva ser considerado um episódio menor e também para que não esqueçamos que a jovem Lara foi uma vítima fatal, mas que se nada for feito, em breve ela terá sido a primeira de muitas.
11 de Jan / 2012 - Cidade
TRAGÉDIAS NO TRÂNSITO DE CATALÃO: VÃO SE REPETIR OU É POSSÍVEL EVITAR?
Email recebido de Roberto Ferreira Tavares, morador do Bairro Santa Terezinha
Quando acontece um acidente como o ocorrido na manhã de hoje (10/01/2012) é natural que a população fique perplexa e horrorizada. Mais ainda quando a violência do impacto é tamanha para arrastar cerca de dez veículos e culminar em vários feridos e na trágica morte de uma jovem que voltava do trabalho em seu horário de almoço.
A comoção geral sempre é grande e começam a surgir soluções de todos os lados, desde mudanças no sentido da via até a total proibição do trânsito de caminhões no centro da cidade. Surgem também vários culpados, seja diretamente (o motorista do caminhão) até os indiretos (Prefeitura, SMTC, chuva), mas a verdade é que acidentes, como o próprio significado da palavra diz, não podem ser previstos ou evitados, justamente por serem eventos inesperados que ocorrem por uma série de fatores, nunca só por uma ou outra causa. O que resta é nos solidarizarmos em luto com a família da moça que perdeu a vida e nos sensibilizarmos com os demais cidadãos feridos ou prejudicados pelo acidente, mas o mais importante é aprendermos com o ocorrido para evitar que se repita, mesmo que o acidente de hoje seja uma repetição de outro parecido já ocorrido no mesmo local, que só não está fresco em nossa memória porque não houve vítima fatal.
Mas se acidentes não podem ser evitados não a nada a ser feito? Estamos todos nós destinados a rever essa violência novamente? A resposta é não. Se não é possível evitar completamente que um evento tão trágico ocorra de novo é possível sim diminuir os fatores que o levam a acontecer. Primeiro é preciso sinalização adequada, seguida por fiscalização firme. A sinalização já existe no local, mas é tímida e se resume a apenas uma placa de regulamentação, podendo ser complementada por placas de aviso. A fiscalização tem que ser mais ostensiva sim, mas não podemos culpar os agentes de trânsito por não abordarem o caminhão antes que transitasse pela Rua Wagner Estelita Campos. O efetivo de servidores é pequeno para o tamanho da cidade e a quantidade de veículos em nossas vias, mas se não existe pessoal suficiente é possível usar a tecnologia para ajudar a fiscalização e temos em Catalão um moderno sistema de câmeras de monitoração, que fica restrito à Avenida 20 de agosto, e que poderia ser mais bem distribuído por vários pontos da cidade, em especial aqueles com maior trânsito de veículos pesados, que poderiam ser abordados antes de adentrar no centro da cidade.
Não sou uma pessoa pessimista, muito pelo contrário, acredito que uma tragédia como essa sempre deixa uma lição para aprendizado, mas infelizmente acho que ainda vamos presenciar muitos outros acidentes parecidos. Primeiro porque trânsito não é prioridade para nenhum gestor municipal e desde sempre é tratado em nossa cidade sem planejamento, através da tática de acudir o que é urgente. Quando atitudes são tomadas o aspecto que é levado em conta é sempre o midiático (área azul no centro da cidade com parquímetros europeus), ficando para depois os aspectos de circulação de veículos e pedestres, sinalização e prevenção de acidentes. E segundo: mais grave que a inércia do município é uma cultura que existe em nossa cidade de que fiscalização de trânsito tem que existir sim, mas multa não.
Quantas vezes já ouvimos, vimos ou mesmo praticamos o ato de ser autuado e recorrer ao político camarada para retirar a autuação recebida? Essa prática, além de ser corrupção, leva ao descrédito de toda e qualquer fiscalização de trânsito, pois se o infrator não sente no bolso o efeito de sua falta de respeito pelas regras do trânsito também o agente não se sente estimulado a agir, gerando uma reação em cadeia que transforma o trânsito em um caos absoluto. Pode parecer exagero, mas imaginemos que o motorista do caminhão causador do acidente já foi autuado anteriormente por transitar em local proibido, recorreu ao político camarada e teve sua multa retirada, daí se sentiu seguro em transitar novamente no local, o agente viu, mas não agiu, pois a multa seria novamente retirada, o caminhão transitou novamente, perdeu o freio, bateu em vários veículos e terminou por matar uma moça, que é um membro de nossa família. Pensemos nisso quando formos autuados novamente e o primeiro impulso for procurar o político camarada. Lembremos que nossos atos, por menores que sejam, tem consequências, às vezes fatais.
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