Editorial do site Vermelho:
Enquanto toneladas de bombas são despejadas por Israel sobre a Faixa de
Gaza e a iminência de uma ofensiva terrestre é ensaiada com incursões
pontuais, a operação “Margem Protetora” já causou cerca de 170 mortes,
entre quase 100 civis, inclusive crianças, desde que foi intitulada, na
terça-feira (8), até domingo (13). Entretanto, diversos ataques aéreos
já vinham sendo denunciados nas semanas anteriores, assim como outra
operação militar e suas consequências criminosas na Cisjordânia, desde
12 de junho.
Fica claro que, apesar dos pretextos apontados pelo
governo racista e extremista de Benjamin Netanyahu, o objetivo de Israel
é prejudicar e impedir a consolidação do governo de unidade nacional,
anunciado após a reconciliação entre a Organização para a Libertação da
Palestina (OLP) e o Hamas, partido islâmico à frente do governo de Gaza
desde a ruptura política intrapalestina, há sete anos. O governo
israelense classifica o Hamas e qualquer outra resistência armada de
“terrorista”, na busca por deslegitimar qualquer força que se
contraponha ao seu regime de dominação e genocida que já dura quase sete
décadas.
É assim que o governo israelense justifica os frequentes ataques aéreos
que matam inúmeros civis, o bloqueio completo de Gaza – que empobrece
sistematicamente uma população de quase dois milhões de palestinos em um
território de menos de 400 quilômetros quadrados, em contínua crise
humanitária – e a ocupação militar da maior parte da Cisjordânia.
A controvérsia entre notícias de movimentos judaicos pelo mundo e em
Israel apelando pela paz, contra a ocupação, por um lado, ou pela
dizimação dos palestinos e de árabes, em geral, por outro, é reveladora,
mas a violência dos colonos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém
Oriental, territórios palestinos, com a conivência dos soldados da
ocupação, não é novidade. Entretanto, a morte de três jovens colonos foi
usada pelos líderes políticos e religiosos para instigar uma nova forma
de ódio, racismo e discursos ultranacionalistas assombrosos. No outro
sentido, as mortes de dezenas de palestinos nas mãos dos soldados e o
encarceramento de centenas, inclusive crianças, além do assassinato
brutal de um adolescente por “judeus extremistas”, como denominados por
oficiais israelenses, levam vozes nacionais e mundiais contra a ocupação
a elevarem-se.
Mais uma vez, porém, a resposta é ineficaz. A ocupação sobre a
Cisjordânia intensifica-se e os bombardeios contra Gaza batem diferentes
recordes a cada dia. O número de mortos em seis dias alcançou a cifra
de vítimas da última grande operação, que durou oito dias, em 2012.
Ainda assim, o governo israelense afirma, minimizando a violação
flagrante e brutal do direito internacional humanitário – com os ataques
deliberados a residências e outros alvos civis, por exemplo –, que não
pretende responder aos tímidos apelos da chamada “comunidade
internacional” por um cessar-fogo.
As potências encenam “grave preocupação” e até reúnem-se para debater a
questão, mas a impunidade de Israel frente às violações do direito
internacional é histórica, duradoura e conta com a proteção
incondicional, principalmente, dos Estados Unidos, que vetam qualquer
condenação sugerida no âmbito do Conselho de Segurança das Nações
Unidas, mantendo seu compromisso com o Estado sionista, que propaga uma
ideologia racista, sustentáculo do regime israelense e exerce a ocupação
sobre a Palestina utilizando métodos brutais. Enquanto a tendência de
isolamento de Israel no cenário internacional é praticamente palpável, a
resposta mundial ainda é insuficiente.
As autoridades israelenses continuam acusando os palestinos de serem
responsáveis por seu próprio sofrimento, enquanto os palestinos, que já
reconheceram Israel em 1988 e concederam àquele Estado quase 80% dos
seus territórios, continuam submetidos à ocupação e ao bloqueio,
“punidos coletivamente” – como afirmou o Conselho de Direitos Humanos da
ONU – pelo que Israel resolver alegar. São sujeitos aos bombardeios e
às grandes operações que vitimam toda a nação e a possibilidade de
libertação, independência e autodeterminação, uma promessa da
“comunidade internacional” cuja postergação é a maior causa do
sofrimento palestino.
É necessário ampliar e intensificar a solidariedade do povo brasileiro
ao povo palestino, o que somente será possível se os partidos de
esquerda e as organizações dos movimentos populares, juvenis, sindicais,
estudantis, femininos, entre outros, tomarem esta tarefa em suas mãos,
rechaçando o lobby sionista que procura interferir indecorosamente nas
organizações progressistas, cooptando lideranças e exercendo pressões e
chantagens sobre personalidades, parlamentares, funcionários de governo,
quadros partidários e organizações dos movimentos sociais.
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