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Pensamentos aleatórios

25 de abril de 2016

A contraditória entrevista de Jardel ao Diário da Manhã


Acabei de ler a entrevista concedida pelo prefeito Jardel Sebba ao jornal Diário da Manhã, publicada na edição de ontem, e recomendo que leiam, pois é um show de contradições e ódio como poucas visto em manifestações anteriores do prefeito.

O principal ponto da entrevista é a crítica veemente que Jardel faz ao apoio do PSDB a um possível Governo Temer, taxando o Impeachment de golpe e o vice-presidente de oportunista, indo na contramão do PSDB nacional e de seu compadre Marconi, que já declarou apoio a Temer e, oportunisticamente, já está se reunindo com o provável "núcleo duro" do próximo Governo, como noticiado pelo Jornal Opção:


Quanto às declaração do prefeito sobre o processo do Impeachment tenho que concordar com ele, pois também considero o que está acontecendo no Congresso Nacional um golpe, no entanto estranho ele criticar o Impeachment somente agora, pois há poucos dias  publicou em seu perfil no Facebook que "a democracia brasileira saiu fortalecida" com a aprovação do Impeachment:


Que mudança, hein?!

Também não entendo quando ele critica o "oportunismo" de Temer, afinal o seu compadre Marconi é o maior oportunista de todos os tempos quando o assunto é se aproveitar do Governo Federal, e Jardel nunca criticou a posição "duas-caras" do compadre que, se fosse coerente, orientaria sua bancada a votar contra o impedimento da Presidente, já que o Governo Dilma o carregou nas costas durante os últimos quatro anos. Mas paciência, para Jardel pau que bate em Chico não serve para bater em Francisco.


Outra coisa que chamou a atenção na entrevista foi o ódio com o qual ele critica o PMDB goiano, que segundo ele produziu escândalos de corrupção que envergonharam e quebraram Goiás, com o especial destaque para Catalão, que de acordo com Jardel produziu "dois históricos escândalos de supostos desvios de recursos públicos para bolsos privados": a Operação Ouro Negro (desvio de 11 milhões de reais em obras de pavimentação) e o caso das Pastinhas do IPASC (que teria causado prejuízo também de 11 milhões de reais ao Instituto de Previdência dos Servidores de Catalão). Estranhamente nem Jardel nem o repórter que conduziu a entrevista mencionaram o fato que nenhuma das duas "operações" deu em nada, ninguém foi indiciado nem condenado a devolver nenhum centavo dos supostos desvios cometidos. Situação totalmente diferente do próprio Jardel, que nos últimos anos teve bens bloqueados pela Justiça na valor de R$ 6.225.957,03 (quase 7 milhões de reais) por duas operações do Ministério Público que apuram desvio de recursos por meio da contratação de funcionários fantasmas (Padre Fantasma e Operação Poltergeist), isso sem mencionar o pedido de bloqueio de R$ 3.738.767,19 pela contratação de mais 32 funcionários fantasmas na época em que Jardel foi presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, o que vai totalizar quase 10 milhões de reais em bens bloqueados, conforme consulta ao site do Ministério Público:


E isso só da época em que ele foi presidente da Assembleia!!!

Outra consulta ao site do MP, agora sobre a gestão Jardel na Prefeitura de Catalão, produziu muito mais resultados (confira aqui), que vão desde recomendações ignoradas pelo prefeito (como no caso da contratação do Instituto Qualicon para realizar os concursos da SAE e da Prefeitura), passando por ações para anulação da cobrança de taxas ilegais (as da SAE), de improbidade pela contratação de assessoria jurídica sem o devido processo licitatório (também para a SAE), de ressarcimento de valores gastos para contratar shows para inaugurar postos de saúde que até hoje não funcionam por falta de materiais básicos (UBS Pontal Norte e Evelina Nour) e de outras irregularidades na gestão, o que comprova a incompetência e irresponsabilidade no uso do dinheiro público, algo impensável para um político experiente e tão bem articulado quanto Jardel. Esse último ponto inclusive é lembrado na entrevista, destacando que Jardel é um "tucano de alta plumagem" já tendo sido Presidente da Assembleia e Governador interino, amigo de Aécio Neves (e isso é vantagem?) e de Marconi Perillo, embora fatos dos últimos anos contradigam essa afirmação.

Desde o início da gestão Jardel na Prefeitura de Catalão Marconi parece ter se esquecido dessa amizade, afinal nenhuma das vantagens que os catalanos teriam com a famosa "parceria" com o Governo de Goiás foi vista até agora: o CREDEQ não saiu do papel, a duplicação da rodovia até Goiânia também não, o Colégio Militar muito menos, sem mencionar o funcionamento do aeroporto, a reforma do Ginásio Internacional, a não ampliação da área do DIMIC e a não instalação de NENHUMA empresa em Catalão nos últimos três anos (diferente de outras cidades que não tem prefeito compadre do governador e receberam várias grandes empresas). Daí deduz-se que a plumagem tucana de Jardel já não é mais a mesma, afinal se fosse Marconi não lhe daria o puxão de orelha que deu por sua declaração contrária ao Impeachment:
 

No final da entrevista são citados alguns números sobre Catalão (153º lugar no IDEB, 5º maior PIB de Goiás, 12º lugar - em quê? - entre os 246 municípios goianos) dando a entender que foi a gestão Jardel que levou a cidade a atingir esses índices, no entanto não cita que Catalão ocupa o 1º lugar no ranking do desemprego dos município do interior de Goiás (dados do CAGED do Ministério do Trabalho), ocupa o vergonhoso 120º lugar em transparência entre os 246 municípios goianos (ranking do Ministério Público Federal) e nem que a gestão Jardel contraiu empréstimos e dívidas milionárias que deverão ser pagos pelos próximos dois prefeitos (CELG, PMAT, Caixa Econômica, dívidas protestadas em Cartório e outras), sem mencionar a malha asfáltica deteriorada e a incompetência em trocar lâmpadas, coisas que não são condizentes para um eficiente gestor público.

Jardel também cita como solução para a crise e o impasse político no Brasil a realização de eleições gerais em outubro deste ano, certo de que o atual sistema político é bom, ruim são os que estão em seus mandatos (ele incluído), a proposta mais equivocada, pois foi justamente o atual sistema, através do financiamento empresarial de campanhas e voto proporcional que levou a crise instalada, ou seja, de nada adiantariam novas eleições sem uma ampla e profunda reforma política, que diminuísse a disparidade das campanhas (acabando com a dependência de financiamento), estabelecesse o voto distrital (de modo que nenhuma região ficasse sem representação), acabasse com os partidos de aluguel e estabelecesse a possibilidade de a população avaliar, pelo voto direto, os seus governantes. Aí sim, a gente poderia começar do zero e realizar novas eleições para todos os cargos, de vereador, prefeito, deputados, senadores, governadores e presidente. Sem isso propor eleições diretas não passa de demagogia barata.

A verdade é que a birra de Jardel com Temer nada tem a ver com o golpe ou com o desrespeito a democracia. Tem a ver sim é com o medo do impacto que uma presidência do PMDB terá nas eleições municipais deste ano, principalmente em Catalão, onde Temer já veio pedir voto na eleição passada, para o adversário. Daí a indignação de Jardel, que o levou até a ir contra a posição de seu mentor. Mas é uma bobagem e exagero de Jardel, pois mesmo que Michel Temer assuma a Presidência e venha pedir voto para seu principal adversário não é isso que vai acabar com suas chance de reeleição, isso Jardel fez sozinho sendo o pior prefeito que Catalão já teve, e esse fato nenhuma oportunista mudança de opinião vai conseguir tirar da cabeça dos eleitores.
 
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