Certos movimentos na política aparentemente não tem sentido, mas na realidade fazem parte do enorme teatro que essa atividade requer.
Vejam, por exemplo, o caso da "Frente Alternativa", suposta coalizão de partidos para proporcionar uma opção diferenciada de voto aos cidadãos catalanos sem laços com nenhum dos dois grupos políticos hegemônicos (PMDB e PSDB).
Mesmo pouca gente levando fé que essa coalizão iria para frente reuniões foram feitas, manifestos publicados, programas de governo escritos e pesquisas encomendadas... tudo para passar ao eleitor a imagem de que a coisa seria séria e que não haveria recuo.
Pois bem, esta semana já houve o primeiro: o PC do B abandonou a aliança e anunciará hoje apoio a candidatura do PMDB a Prefeitura. Mesmo movimento deve fazer em breve o PT, deixando sozinha na "Frente" a REDE, que sem opção será "forçada" a aderir a campanha do PSDB, "pois é o melhor para Catalão".
Coincidentemente é na gestão municipal do PSDB que algumas pessoas vinculadas a REDE continuavam ocupando cargos de confiança mesmo após o lançamento da "Frente", mas, na cabeça de quem inventou essa estratégia, lançar uma terceira via era a melhor forma de fortalecer o grupo junto ao prefeito, que agora reconheceria a importância deles e lhes daria um lugar de destaque na nova aliança (não estranhemos se da REDE sair o vice do Jardel, afinal é um grupo que está "voltando" à base). Mas essa ceninha com a "Frente" é apenas um dos atos nesse grande teatro da política catalana, existem vários outros e protagonizados por outros atores e partidos.
E para quê isso? Para valorizar o passe de alguns pretensos candidatos ou siglas e dar ao eleitor a impressão de fortalecimento de uma determinada candidatura ou projeto, de forma que quem não acompanha a política (e tem muita gente assim) veja esses movimentos e engula a história vendida por eles (olha só o Iris Rezende desistindo, de novo, de uma candidatura só para voltar aclamado porque "o povo pediu").
É um expediente patético, mas que não vai acabar tão cedo, pois de fatos vivem os políticos e quando esses não existem é preciso criá-los, daí nascem os factoides transformando em entretenimento a disputa política, para divertir o eleitor incauto que passa a torcer por um candidato como torce por um personagem de novela, afinal há toda uma envolvente trama escrita e o final é ele quem escreverá (ou, ao menos, é o que ele acha).
Compartilhe: