Gostei bastante de um texto que li na coluna de Ruth de Aquino, publicado na Revista Época em 02/10/2012, e resolvi compartilhar alguns trechos aqui. O texto completo pode ser lido em
http://revistaepoca.globo.com/Mente-aberta/ruth-de-aquino/noticia/2012/10/7-motivos-para-amar-uma-cidade.html
http://revistaepoca.globo.com/Mente-aberta/ruth-de-aquino/noticia/2012/10/7-motivos-para-amar-uma-cidade.html
"O que é uma cidade? Não existe definição ideal. A cidade sou eu, é
você. Se é o lugar onde se dorme, acorda, trabalha, caminha e trafega,
onde se ama, briga e morre, a cidade é bem mais que um amontoado de
concreto e verde – é uma experiência de bem-estar ou mal-estar. Alguns
se tornam reféns de sua cidade, sequestrados por circunstâncias
profissionais, financeiras e familiares. Alguns vivem onde desejam. É aí
que os defeitos da cidade incomodam como traições de mulher amada. Só
nós podemos criticar – forasteiros não.
1. Amo as cidades que sabem se reinventar, como o Rio
de Janeiro, que deixou de ser a sede tropical da corte portuguesa,
capital do império e da república e, graças a Deus, capital cultural do
Brasil, título careta e equivocado num país cuja diversidade cultural
não respeita território e dispensa uma capital. O Rio soube transformar
uma decadente Lapa em polo de atração capaz de arrancar os jovens da
Barra da Tijuca de seus condomínios para se divertir com outros jovens,
do resto da cidade, nas rodas de samba e chorinho. Soube resgatar o
carnaval de rua, fazendo do Centro e de cada bairro passarelas tão ou
mais atraentes que o Sambódromo globalizado.
2. Amo as cidades que têm esquinas e, principalmente,
quando ocupadas por padarias e botequins, para a gente ouvir pela manhã o
balconista gritar: “Salta uma média no copo e um pão na chapa”. À
noite, na volta para casa, uma rápida parada no boteco predileto,
jogando conversa fora com um cara que você nunca viu antes, ouvimos
deliciados e com sotaque lusitano: “Salta uma gelada que o freguês tem
pressa”.
3. Amo as cidades amigáveis, que tratam bem habitantes e visitantes e onde, num único quarteirão, a gente possa encontrar quase tudo. Amigável com crianças, velhos e namorados, que dispõem de uma pracinha perto de casa. Com os visitantes, pela gentileza da população e por uma sinalização urbana feita para evitar que qualquer um se perca. A cidade amigável nos salva do ataque de flanelinhas, motoristas de vans e taxistas inescrupulosos, garçons e vendedores mal-humorados, que adoram errar no troco, falsos guias turísticos e toda a sorte de gente capaz de fazer um turista jurar que nunca mais bota os pés ali.
3. Amo as cidades amigáveis, que tratam bem habitantes e visitantes e onde, num único quarteirão, a gente possa encontrar quase tudo. Amigável com crianças, velhos e namorados, que dispõem de uma pracinha perto de casa. Com os visitantes, pela gentileza da população e por uma sinalização urbana feita para evitar que qualquer um se perca. A cidade amigável nos salva do ataque de flanelinhas, motoristas de vans e taxistas inescrupulosos, garçons e vendedores mal-humorados, que adoram errar no troco, falsos guias turísticos e toda a sorte de gente capaz de fazer um turista jurar que nunca mais bota os pés ali.
4. Amo as cidades com entretenimento para todas as
idades, independentemente de quanto temos no bolso. Se der sorte de a
cidade ter praia, metade do problema está resolvido. Parques, museus,
centros culturais, bibliotecas e shows devem oferecer entrada franca.
Amo as cidades com locais para confraternizar a céu aberto.
5. Amo as cidades que preservam da ganância dos
especuladores as suas montanhas, matas, praias, lagoas, florestas, seus
parques e manguezais. Onde o ar se respira, e a poluição não nos sufoca
nem nos adoece.
6. Amo as cidades que respeitam sua história e sua arquitetura
e, por isso, se tornam donas de uma força misteriosa que faz com que
moradores, até os mais cosmopolitas, relutem em se afastar, apegados aos
bairros onde vivem, às paisagens conhecidas, aos prédios e monumentos e
também às praças, ruas, travessas e becos, repletos de significados.
7. E amo, sobretudo, as cidades inclusivas, onde todos
possam exercer sua cidadania. Uma cidade onde crianças não oferecem
balas e fazem malabarismos a cada sinal de trânsito, porque estão
brincando em casa ou estudando nas escolas. Uma cidade sem moradores de
rua e, se os tiver, que garanta a eles compreensão, abrigo e
oportunidade. Onde nenhum trabalhador perca horas preciosas para chegar
ao emprego. Onde os donos das ruas não sejam os carros particulares, mas
o transporte público de qualidade. Onde a divisão entre morro e asfalto
só exista na lembrança dos mais velhos ou nos livros de história, para
não esquecer como é triste e perigoso viver numa cidade dividida. Onde
os governantes saibam ouvir e governem para todos, discretamente. E que
tenham horror às obras suntuosas."
E aí? Nossa cidade tem esses requisitos? Concorda com eles? O que podemos fazer para melhorar a nossa cidade? A cidade é uma construção coletiva e cabe a cada um de nós fazer sua parte por uma cidade melhor, cada um a sua maneira dando sua contribuição, seja desenvolvendo a cultura, cultivando a paz, combatendo a violência, cuidando do meio-ambiente, ajudando os menos favorecidos, enfim, todos nós trabalhando pelo bem comum do lugar onde vivemos.