A charge acima foi atualizada hoje (11/09), no contexto da greve dos funcionários da Corpus (empresa responsável pela limpeza urbana e coleta de lixo em Catalão), que pararam suas atividades por não mais suportarem o assédio moral dos patrões e as condições de trabalho oferecidas pela empresa.
Chips nos uniformes, jornadas exaustivas, horários complicados, metas diárias inatingíveis, baixos salários e completa e total falta de empatia dos patrões, que só querem saber da produção ao menor custo possível, são apenas algumas das agruras sofridas por estes funcionários, e não é de hoje.
Já é a sexta vez em apenas oito meses que os funcionários da Corpus têm que se manifestar para ter seus direitos trabalhistas respeitados, algo muito preocupante, já que nesse caso quem vem arcando com o prejuízo das paralisações é a população de Catalão, que a cada mês fica apreensiva pelo dia em que os sacos de lixo vão se acumular nos canteiros e a sujeira ficará espalhada pelas ruas, já virou rotina. E o pior é que aparentemente não existe nenhuma previsão de mudança ou melhora, já que não há ninguém que sequer olhe pelas reivindicações desses funcionários.
O sindicato que legalmente os representa (Seacons, com sede em Goiânia) só se preocupa em garantir o emprego de seus diretores, a maioria funcionários da Comurg (empresa municipal que cuida da limpeza urbana de Goiânia), recentemente denunciados pelo O Popular por receberem supersalários (alguns acima de 50 mil reais) e ter regalias inacreditáveis garantidas em convenção coletiva de trabalho apenas para os trabalhadores da Comurg, embora esse sindicato "represente" todos os trabalhadores do setor de prestação de serviço e limpeza urbana em Goiás, algo impressionante de não ter sido até hoje questionado pela Justiça do Trabalho ou mesmo pelo Ministério Público... coisas do interior do Brasil mesmo (em pleno século 21).
Mas o que mais impressiona na situação dos funcionários da Corpus não é o descaso dos patrões, esses só querem saber de lucro e estão se lixando para a saúde e bem-estar de quem trabalha, mas sim o completo silêncio da prefeitura, que desde as primeiras reclamações não se manifestou uma única vez, deixando os trabalhadores (e os cidadãos de Catalão) reféns do que a direção da Corpus quiser fazer para resolver (ou não) o impasse. E tal silêncio não poderia continuar ocorrendo, pois mesmo que a Corpus seja uma empresa privada, e a relação dela com seus funcionários seja algo particular, a prefeitura é responsável solidariamente por esta relação de trabalho, pois a Corpus presta um serviço essencial ao município de Catalão, uma concessão pública, daí não ser possível entender essa omissão, ainda mais tendo como vice-prefeito um sindicalista conhecido em todo o estado de Goiás por sua ferocidade na defesa dos trabalhadores que representa.
Aí fica a pergunta que não quer calar: porque é que Rodrigão, o sindicalista presente em todos os movimentos, que luta e defende os trabalhadores onde quer que estejam, pré-candidato a deputado, presidente da Força Sindical em Goiás, o nome em ascensão no cenário político no sudeste goiano, o cara que organiza os trabalhadores e briga por eles não briga pelos funcionários da Corpus com a mesma garra com que defende os funcionários da MMC ou com a qual pede votos?
Seriam os funcionários da Corpus menos trabalhadores do que os da MMC? O voto deles não tem o mesmo peso que o dos servidores da Seinfra (que todo mês ganham um churrasco e uma pinga)? O presidente da Força Sindical não tem prestígio para questionar essa representação sindical? Porque o vice-prefeito sindicalista não defende os trabalhadores terceirizados que prestam serviço para o município? Porque ele não os representa, porque ele não quer ou porque não deixam?
Enquanto essas questões não são respondidas o lixo se acumula nos canteiros, a sujeira se espalha pelas ruas, o prefeito finge que não é com ele e a população paga o pato... coisas do interior do Brasil mesmo e que em Catalão já virou rotina.
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