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Pensamentos aleatórios

29 de janeiro de 2016

A festa do Jardel no espetinho do Hugão


O espetinho do Hugão, para quem não sabe, é aquele localizado na Praça das Mães, que funciona todos os dias à partir das 18:00h. Um ponto muito popular e sempre com grande frequência de clientes, que vão ali em busca do ambiente agradável, das mesas colocadas na praça, do bom atendimento do Hugo e dos diferentes espetinhos vendidos lá (recomendo o de picanha ao alho, muito bom), mas que ontem, 28 de janeiro, teve um movimento muito maior que o habitual.

Parecia até festa do Rosário: tinha meninos correndo e brincando com cachorros, idosos, jovens, um pessoal tocando violão, meninas e rapazes bonitos transitando para todo lado, um monte de gente feliz, tomando cerveja, refrigerante, comendo espeto, até um vendedor de algodão doce estava lá... um clima de alegria contagiante que chamava a atenção de quem passava por ali (e passa muita gente por ali naquele horário) e no meio de tudo aquilo, emanando simpatia, o catalisador de tanta alegria: nosso prefeito, Jardel Sebba. Qualquer um que passou naquela hora foi testemunha de que Jardel frequentava um local popular, estava no meio do povo, interagindo com todos, sem nenhum receio dos populares, enfim, sua presença no espetinho do Hugão e a festa que o povo estava fazendo eram provas definitivas de sua proximidade com os mais pobres e de sua popularidade. Prefeitura para quem precisa de Prefeitura e Avante Jardel.

Pena que era tudo teatro.

A presença de Jardel no espetinho do Hugão seria um acontecimento se tudo ali fosse de verdade, mas até o mais desatento reparou que a maioria dos que estavam ali eram servidores comissionados da Prefeitura, Câmara Municipal e do Governo de Goiás (Labibe Faiad, Detran e Vapt-Vupt), além é claro, dos competentes Secretários que precisam sair em todas as fotos. A cordial interação de Jardel com os populares não passava de conversa entre chefe e subordinados. Sua suposta "mistura" com o povo foi preparada para ser o menos desgastante possível, daí que os comissionados lotaram todos os espaços antes dos verdadeiros clientes habituais do Hugo chegarem. Quase todos os veículos estacionados nas proximidades tinham o adesivo do "orgulho de viver aqui" e a alegria contagiante durou o tempo de registrar as fotos e publicar na internet, assim como a presença do pessoal com o violão, que foi embora antes de terminar a segunda música, assim como o vendedor de algodão doce, convocado mais cedo na esquina do Hospital São Nicolau, que chegou lá já com todos os algodões vendidos. Apenas duas coisas foram verdadeiras na visita de Jardel ao espetinho do Hugão: as vendas realizadas, pagas individualmente (não se sabe se o pessoal recebeu um vale ou tiraram do próprio bolso) e a presença dos cachorros, que não foram convocados por ninguém. O resto foi tudo falso.

Festa no espetinho do Hugão, mas só para quem tinha "orgulho de viver aqui" colado em seu carro

O teatro da ida de Jardel ao espetinho do Hugão foi a saída encontrada pelos marqueteiros para passar a imagem de Jardel como um homem do povo, um gestor que se mistura com seu eleitorado. Tal esforço vem do resultado da mais recente pesquisa de rejeição encomendada pela gestão, que apurou os motivos pelos quais Jardel é rejeitado, sendo a resposta "ele não se mistura com pobre" a segunda mais apontada pelos entrevistados (a primeira é "acho ele incompetente").

A pesquisa foi feita por um conhecido instituto de Goiânia, que apontou números muito próximos da recente pesquisa EPB divulgada pelo Diário da Manhã, mas com um grau de detalhamento muito maior, o que permite, teoricamente, uma melhor reação aos aspectos negativos apontados. Escolhido o local foi convocar convidar as pessoas para comparecerem e a festa popular, e o factoide, estavam prontos (só faltou o foguetório).

Mas o espetinho do Hugo foi só o primeiro point a ser visitado pela festa popular de Jardel, outros em breve receberão a ilustre e espontânea visita dessa galera (acho que vai ser um por semana), pois além de mostrar para os outros que é um homem do povo Jardel precisa repetir para si mesmo esse mantra, que gosta de pobre e de frequentar locais populares, porque se acreditar mesmo nessa ladainha é capaz de mais alguém acreditar também.

Fique esperto, leitor, porque o próximo pode ser o bar que você frequenta.

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