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Pensamentos aleatórios

24 de fevereiro de 2017

Jucá tem razão: Isso aqui é suruba. Mas você não foi convidado

Por Leonardo Sakamoto.
 
 
Quem teve estômago para assistir à sabatina de Alexandre de Moraes, indicado a ocupar a vaga de Teori Zavascki como ministro do Supremo Tribunal Federal, saiu com mais uma prova de que uma parte considerável da classe política despirocou e desistiu de manter as aparências.

Mesmo com seu polêmico currículo – que inclui desde uma gestão violenta da segurança pública em São Paulo, passando pela inabilidade em gerenciar uma crise nacional do sistema penitenciário até chegar a denúncias de plágio acadêmico – destacado desde que seu nome foi confirmado por Michel Temer, em nenhum momento ele passou real sufoco. A oposição sumiu, literalmente. Para terem ideia do que foi a sabatina, as cervejas que temos com amigos, no final de semana, contam com mais momentos de treta do que a ovação, desta terça (21), em Brasília.

O que é compreensível porque os senadores que são réus e outros tantos em investigação querem mais é que uma das soluções do governo Temer a fim de frear o impacto da operação Lava Jato à classe política assuma rapidamente no STF.

O país passa por um processo de derretimento de suas instituições – o que é, em minha opinião, a pior consequência do uso do Estado, à luz do dia, para proteger envolvidos em corrupção. O respeito da população com nossas instituições, que já era baixo, vai reduzindo cada vez mais, processo que não pode ser freado da noite para o dia.

Isso demandaria nova pactuação política e social, aliada a muito suor em articulações para a construção de consensos. Mas a reação em cadeia parece ser inevitável e nos levará inexoravelmente para algum lugar escuro que não imagino qual seja.

Por enquanto, o que o povo vê na TV é que os espertos representam a si mesmos e aos interesses de seus grupos, corporativo, econômico, político. O bem do país? Foda-se.

Instituições são responsáveis por ajudar a manter cada um no seu quadrado, seja através da força ou do diálogo, ao mostrar as vantagens em seguir as regras ou deixar bem claro o que acontece com quem as subverte. E quem estabeleceu a regras? Bem, se você está perguntando isso é porque não faz parte do seleto grupo que as fez. Apenas as aceita, por bem ou por mal.

Igreja, família, escola, trabalho, mídia, governo, cada instituição tem sua participação no processo de lembrar a cada um como se portar como engrenagem no processo. O problema é que quando, à luz do dia, pastores não demonstram arrependimento ao serem denunciados por usar igrejas a fim de lavar dinheiro; grandes empresários pedem que investigações contra a corrupção tenham um ponto final urgente para não atrapalharem a economia; atores sociais que atuaram em defesa do impeachment defendem calma diante da corrupção no novo governo; figurões do governo contratam parentes, manipulam vantagens para a construção de seus apartamentos ou deixam claro que, para eles, as leis são diferentes; e membros do Executivo, Legislativo e do Judiciário agem claramente para salvar sua pele e a de seus aliados, o cidadão comum passa a se perguntar: por que só eu tenho que seguir as regras?

Nisso, concordo plenamente com o senador Romero Jucá que, falando à Agência Estado, nesta segunda (20), explicou: ''Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada''.

A declaração foi uma crítica à proposta do Supremo Tribunal Federal de restringir o foro privilegiado de políticos apenas a fatos acontecidos no mandato em exercício, não abrangendo o que veio antes. Ele defendeu que a restrição do foro valha para todo mundo (como Judiciário e Ministério Público) ou para ninguém. Depois da repercussão negativa, disse que a declaração estava fora de contexto e, na verdade, ele estava citando uma música do finado grupo Mamonas Assassinas.

Talvez o trecho a que ele se referia, na música Vira-Vira, era ''Neste raio de suruba, já me passaram a mão na bunda / E ainda não comi ninguém!''.

Essa história de quem comeu quem, aliás, lembra a gravação da conversa que Jucá teve com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, que foi divulgada pela Folha de S.Paulo, em maio de 2016. Ele afirmou que havia ''caído a ficha'' de líderes do PSDB sobre o potencial de danos da Lava Jato: ''Todo mundo na bandeja para ser comido''. Sérgio Machado, que era do PSDB antes de se filiar ao PMDB, afirmou então que ''o primeiro a ser comido vai ser o Aécio''.

Mas Jucá está correto. A sabatina de Alexandre de Moraes mostrou isso. ''Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada.''

Quem está faltando nessa suruba é o povaréu. Por enquanto, os que resolvem reclamar do come-come em Brasília e de suas consequências para a população (como reformas que tiram dos pobres para manter aos ricos) levam paulada da polícia.

Se os mais pobres se cansarem de ser xepa e, jogando para o ar o respeito às regras e às leis criados para ''não falarem de crise, mas trabalhem'' e resolverem parar de sentir apenas dor para curtir um pouco do prazer que o povo do andar de cima sente desde Pedro Álvares Cabral, será uma zorra. Mas será lindo.
 
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É melhor...


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23 de fevereiro de 2017

Charge do Dia: diálogo oposicionista


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O último que sair apaga a luz: vereador Luiz Pamonheiro adere à base aliada de Adib Elias na Câmara Municipal

Publicado agora à pouco no perfil do Facebook da Prefeitura de Catalão:


Com a saída de Luiz Pamonheiro, junto com a desistência do Léo da Filó em fazer parte do "bloco independente" e da posse de Cláudio Lima como vereador no próximo mês, ocasionado a saída do Paulo Arruda, a oposição ao prefeito Adib Elias vai derretendo ao ponto de, em breve, escorrer pelo ralo e não sobrar um sequer.

Perguntar não ofende: em quanto tempo o Luiz vai começar a ser xingado pelos antigos aliados?

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Sabatina de Alexandre de Moraes: imagens inéditas

Imagens inéditas da duríssima sabatina de Alexandre de Moraes ocorrida no Senado:


Que orgulho do nosso Congresso!!!

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22 de fevereiro de 2017

Gustavo Sebba acreditou nas apostas do Jornal Opção que seria presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia, se lançou candidato e... perdeu!!!

Pelo jeito, derrota é uma palavra frequente no vocabulário da família Sebba.

O deputado Gustavo Sebba certamente é um voraz leitor do Jornal Opção, de Goiânia, único veículo de comunicação que apostava na vitória de seu pai na eleição de 2016 (que, não custa lembrar, perdeu por 23 mil votos de diferença) e que desde o dia 4 de fevereiro lançou o nome do herdeiro político da família Sebba para presidência da Comissão de constituição e Justiça da Assembleia Legislativa de Goiás, a mais decisiva da Casa de Leis:


E eis que acreditando nas previsões do semanário Gustavo se aventurou a disputar a cadeira, mas foi atropelado pelo veterano Álvaro Guimarães, que entrou na disputa de última hora e, na eleição ocorrida ontem, ganhou o voto da maioria dos deputados.

Como prêmio de consolação Gustavo ficou com a vice presidência (o equivalente ao Vasco dos cargos), mas é uma enorme derrota tanto para ele quanto para o pai Jardel, que esperava com a vitória do filho mostrar para Marconi o grau de influência que ainda possuiria dentro da Assembleia, na tentativa de fortalecer a indicação de seu nome para uma pasta de articulação política no Governo de Goiás.


Com mais esse resultado negativo, depois de perder a maior prefeitura do sudeste goiano e acabar com a chance de reeleição de 8 dos 10 vereadores que lhe apoiavam, a capacidade de articulação política da família Sebba dá provas de que não tem muito a oferecer para quem precisa agregar votos e confiança para se manter no poder.

Para bom entendedor...

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20 de fevereiro de 2017

Cláudio Lima: vereador ou suplente?

Desde terça-feira, quando o TSE julgou o processo do Cláudio Lima dando-lhe provimento e validando sua votação na eleição passada, muita especulação surgiu na cidade acerca da possibilidade do radialista assumir imediatamente uma cadeira no Legislativo catalano ou ficar na primeira suplência da coligação que o elegeu (PMDB / SD / PEN / PTB).

Já escrevi sobre isso aqui no blog, inclusive coloquei o post novamente em destaque esta semana, mas para dirimir dúvidas reproduzirei o atual resultado da eleição, sem os votos do Cláudio Lima, explicando como se deu a composição da Câmara, e o novo resultado, com a somatória dos votos do Cláudio e como fica o cenário na Câmara de Catalão após esse resultado.

Resultado Atual


A composição acima foi atingida da seguinte forma: dividiu-se o total de votos válidos para vereador (54.313) pelo número total de cadeiras disponíveis (17), o que gerou o Quociente Eleitoral (QE) desta eleição (quantidade de votos necessária para a coligação fazer uma vaga de vereador) de 3.194 votos. Na sequência dividiu-se o total de votos recebidos por cada coligação pelo QE, o que resultou no total de cadeiras ocupadas diretamente pela coligação, chamado de Quociente Partidário (QP), ficando da seguinte forma:


Nessa etapa foram preenchidas 13 cadeiras (o valor depois da vírgula é ignorado), portanto faltando 4 cadeiras para preencher. Essas vagas ociosas foram preenchidas de acordo com a MÉDIA feita por cada coligação (daí o termo "eleito por média"), que é feito dividindo-se o total de votos obtidos pela coligação pelo número de cadeiras ocupadas na primeira etapa mais um. Na eleição passada ficou assim:


A média mais alta foi da coligação encabeçada pelo PROS, daí foi ocupada pelo Jair Humberto; a segunda média mais alta foi feita pela coligação do PMDB e foi ocupada pelo Vanderval Florisbelo; em seguida veio a coligação do PSB, assumindo o Léo da Filó; a quarta média mais alta foi a da coligação do PR, assumindo a última vaga ociosa o Paulo Arruda e encerrando a composição da Câmara nesta eleição.

E o que muda somando os votos do Cláudio Lima?

Com o resultado positivo no julgamento no TSE os 1303 votos obtidos pelo Cláudio Lima serão somados ao número total de votos válidos para vereador (subindo para 55.616), aumentando o QE para 3.271. Não muda quase nada para as demais coligações, mas a coligação do PMDB sobe de 15.616 para 16.919 votos, que divididos pelo QE totalizam 5 vagas, e as demais coligações continuam preenchendo 9 vagas:


Ou seja, com os votos do Cláudio a vaga ocupada por Vanderval, que foi por média, passa a ser por QP e ficam apenas 3 vagas ociosas. Refazendo os cálculos para definir as médias obtém-se o seguinte resultado:


A média do coligação do PROS continua sendo a mais alta, daí segue ocupada pelo Jair Humberto; a média do PMDB cai, mas continua sendo a segunda mais alta, daí será ocupada pelo Cláudio Lima. As demais médias também não mudam: segue a da coligação do PSB e do PR, mas só existe mais uma vaga para preencher e que será ocupada pelo Léo da Filó. Nessa situação o vereador Paulo Arruda perde a vaga que lhe foi atribuída por média e a composição da Câmara Municipal de Catalão ficará da seguinte forma:


Estes cálculos foram feitos de acordo com o disposto nos artigos 148 e 149, da Resolução TSE 23.456, de 15 de dezembro de 2015 - que dispõe sobre os atos preparatórios para as eleições de 2016 - disponível no site do TSE, e com base nos resultados da eleição para vereador em Catalão, que também podem ser acessadas no site do TSE, no link Resultados, para quem quiser conferir.

Ou seja, como eu disse lá em outubro de 2016, tão logo o TSE notifique o TRE de Goiás e este por sua vez comunique o Cartório Eleitoral de Catalão, Cláudio Lima deverá assumir a cadeira de vereador na Câmara Municipal, direto, sem passar pela suplência.

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Como ficar calmo nessa situação?


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14 de fevereiro de 2017

Quem fala o que quer...

Na semana passada o jornalista Rubens Salomão, em sua coluna Xadrez, do jornal O Hoje, deu destaque a um punhado de críticas que o defenestrado ex-prefeito de Catalão vêm fazendo à atual gestão municipal:


Falar todo mundo pode, até papagaio fala, mas quem fala o que quer se sujeita a escutar o que não quer e a resposta do atual prefeito foi publicada na edição de ontem da coluna:


O que mais impressiona nesse caso é a falta de noção de Jardel, que teve sua gestão rejeitada por 70% da população e ainda assim acredita que alguém, além da meia dúzia de apaniguados que ainda curtem suas publicação no Facebook, se importa com sua opinião.

Mas como bem disse o Adibão: "Enquanto os cães ladram a caravana passa"!!!

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6 de fevereiro de 2017

Enquanto isso, na Carpidolândia...

Um casamento, amplamente conhecido por todos, é questionado pelo marido:


Agora é tarde!!!

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Como mentiras sobre a morte de Marisa buscam evitar empatia com Lula

Por Leonardo Sakamoto.


''O objetivo, neste momento, é não deixar gerar compaixão com Lula.''

A avaliação veio de um profissional que trabalha com construção e desconstrução de reputação via redes sociais. Em condição de anonimato, ele me explicou que é esse o objetivo de boatos que estão circulando na rede por conta da morte de Marisa Letícia, esposa do ex-presidente.

Um dos boatos afirma que o velório seria realizado de caixão fechado porque tudo isso era uma encenação para forjar sua morte e possibilitar a fuga para o exterior a fim de escapar de ser julgada e presa como consequência da Operação Lava Jato. Outras mensagens exigiam que as Forças Armadas obrigassem a realização de teste de DNA no corpo.

Não importa a foto abaixo. Não importa que políticos ligados a Lula ou adversários políticos fizeram visitas no hospital antes de ser declarado o óbito. Não importa que o Sírio-Libanês seja uma instituição com uma reputação a zelar (chegando a demitir uma de suas médicas por vazar informações confidenciais sobre a entrada de Marisa no hospital) e não toparia essa encenação. Não importa a multidão que compareceu ao velório realizado em caixão aberto em São Bernardo do Campo. Não importa os jornalistas que estavam lá para cobrir e noticiar e a profusão de fotos e de vídeos circulando.

Se a loucura faz sentido para um grupo de pessoas que odeia os dois, emoções é que passam a construir a realidade e fatos tornam-se irrelevantes. É a velha burrice fundamental consagrada sob o nome pomposo da pós-verdade.

Outra mensagem, violenta, que está circulando diz que tudo é uma ''falácia para comover a população'' porque ela não poderia doar órgãos uma vez que teria atingido a idade limite de 70 anos. Contudo, não existe limite de idade para doação (com exceção da córnea, outros órgãos contam com idades-limite de referência, mas o que determina se um órgão é viável para transplante não é a idade, mas o estado de saúde do doador) e ela tinha 66. Obtive a confirmação de que rins, córneas e fígado haviam sido retirados para doação.

Claro que a morte de Marisa Letícia gera comoção junto a uma parcela da população que respeita Lula. E a situação tende a criar empatia devido o sofrimento de Lula, que é real, e pode criar, inclusive, desconforto a protagonistas da Lava Jato – uma vez que o próprio ex-presidente afirmou que sua esposa morreu triste por ter sido acusada de algo que não cometeu.

Ao longo dos últimos anos, entrevistei profissionais contratados por políticos para construir ou desconstruir candidaturas através de ação coordenada em redes sociais. E, ao contrário do que acredita o senso comum, não são robôs usados para xingar tresloucadamente que causam os maiores impactos, mas ''fazendas'' de perfis falsos que parecem reais e são administradas por anos, agindo de acordo com pesquisas comportamentais.

Daí, a avaliação do profissional com quem falei. Essas mensagens, nascidas de malucos que atuam como atiradores solitários ou produzidas por grupos especializados, estariam sendo bombadas artificialmente para impedir a formação dessa empatia.

E, com isso, evitar que o longo trabalho de desumanização feito contra Lula e o PT – que, independentemente de seus defeitos ou crimes, é maior do que o tamanho do ódio gerado contra eles – seja perdido.

Isso sem contar os sites que produzem boatos e fofocas absurdos não por motivos políticos, mas sim para, através de cliques em anúncios, ganhar dinheiro. Nas eleições presidenciais norte-americanas do ano passado, uma cidade da Macedônia ficou famosa por produzir sites com notícias mentirosas pró-Trump a fim de ganhar com visitas de internautas dos Estados Unidos.

Lula é um animal político, tal como Fernando Henrique. Ambos fazem política até dormindo, então é natural que na morte de ambas as esposas, eles alternassem choro e política, no ombro de aliados ou adversários. O que não é natural é imaginar que o mundo é um grande duelo do bem contra o mal.

O ideal seria que a população não confiasse nas mensagens de WhatsApp que não pode checar a veracidade para a formação de sua opinião, como tenho dito, há anos, neste blog. Mas como alfabetização midiática e informacional é algo raro, que não será realizado em massa no curto prazo, os veículos de comunicação tradicionais de massa têm um papel importante a cumprir, que é o de explicitar esse tipo de boato e, na medida do possível, a quem ele interessa. Sites que desmascaram informações falsas são importantes, mas atuam em uma escala muito pequena para esse tipo de acontecimento.

Isso deveria ocorrer, independentemente do resultado do boato ser oportuno a quem controla o veículo ou não. Sei que isso pode parecer utopia. Mas, agora, é com a família Silva. Amanhã, poderá ser com qualquer outra família.

E, acreditem: a imprensa tradicional (que já está em fase de transformação por conta das mudanças na forma de financiamento do jornalismo na era digital) pode se tornar irrelevante diante da força das fábricas de ''verdades alternativas'' que temos por aí. Que não têm compromisso com nada, nem ninguém.

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1 de fevereiro de 2017