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Pensamentos aleatórios

12 de março de 2016

Conciliação de classes não existe, só o PT acreditou

Por Roberto Santana Santos, no site Brasil em 5

À luz da possível prisão do ex-presidente Lula e do também possível impeachment de Dilma lembramos de algumas análises de que os governos petistas foram caracterizados como “governos de conciliação de classes”. É inegável que Lula e Dilma, mais o primeiro do que a segunda, atenderam interesses tanto da burguesia quanto algumas pautas mínimas da classe trabalhadora (salário-mínimo acima da inflação, bolsa-família, cotas nas universidades, etc).

Mas o que aconteceu? Há seis anos atrás Lula era “o cara”, tendo seu governo avaliado positivamente por 90% da população, segundo os malfadados institutos de pesquisa. Hoje é escorraçado nas mesas de bar como “o chefe da quadrilha”. Como a percepção do brasileiro mudou tão rápido sobre o ex-presidente?

O problema é que na política não se serve a dois senhores. O PT, que ainda se reivindica de esquerda e é assim identificado pela direita clássica, está há mais de uma década servindo ao capital. Recebe, como todos os partidos da direita, vultuosas doações de empreiteiras, agronegócio e mineradoras. Nunca tocou no monopólio midiático. Mesmo assim, continua não fazendo parte do clube.

Boa parte da burguesia brasileira e seus sócios internacionais fizeram uma opção em 2002 ao apoiar um PT já manso para o Planalto. FHC e o PSDB levaram o país a bancarrota, com o maior número de desempregados no mundo e a pobreza assolando mais da metade dos brasileiros. A Argentina quebrada por seguir as regras do receituário ideal do neoliberalismo. Na Venezuela, o golpe de estado fracassado contra Hugo Chávez reforçou sua liderança e radicalizou a Revolução Bolivariana, declarando-se, a partir de então, socialista.

A crise do neoliberalismo no começo do século fez com que a burguesia entrasse numa tímida defensiva. Percebeu cuidadosamente que havia espaço de diálogo com governos moderados, como os do PT. Só os inocentes acreditam em conciliação de classes. Políticas focalizadas de redução da miséria, pobres nas universidades, aumento do consumo, tudo isso é muito para boa parte do povo brasileiro que nunca teve direito a nada. Mas para o grande capital, é troco.

A partir do momento que os ricos sentem não mais precisar dessa aliança, o projeto do “país de todos” é jogado às favas. Lula e Dilma são fuzilados, com ou sem provas, pelos mesmos que antes os bajulavam. A política econômica da miséria, o controle do trabalhador pela precariedade e a alienação midiática voltam com força total. Quanto mais o PT “cede”, mais os ricos avançam com suas pautas contra o povo. Do que valeu alianças e negociações? Está claro quem deu para trás na tal “conciliação”.

A Casa Grande não aceita novos sócios. Enganou-se o PT ao pensar que cedendo aqui e acolá teria alguma paz ou estabilidade. A ideia de que “luta de classes não existe” é discurso para alimentar a classe média proto-fascista. Pura propaganda. A burguesia sabe muito bem o que é luta de classes e joga com maestria.

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