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Pensamentos aleatórios

4 de janeiro de 2013

Impressões sobre os primeiros dias da gestão de Jardel


Ano novo, vida nova! E para os catalanos mais ainda, pois estamos de Prefeito novo e equipe de governo toda nova, após 12 anos do mesmo grupo comandando a administração municipal. Agora realmente acabou a campanha política e as promessas de renovação e novas formas de lidar com o dinheiro público começam se tornar realidade e os primeiros passos são importantíssimos para analisar se o caminho será corretamente trilhado, portanto vamos às impressões sobre os três primeiros dias da gestão de Jardel Sebba à frente da Prefeitura de Catalão:

A posse: festa popular, não poderia ser diferente. Após duas derrotas (a segunda muito mais doída que a primeira) a posse de Jardel como prefeito de Catalão tinha que ser festiva e festejada sim. Queima de fogos sobre o morrinho do São João na vidada do ano (me fez sonhar com uma festa de réveillon popular em Catalão), presença do Governador, assinatura de convênios e desfile em carro aberto, tudo o que Jardel poderia ter direito para comemorar esse importante momento em sua vida e para lavar a alma das derrotas anteriores.

Presidência da Câmara: Jardel não se envolveu diretamente na disputa, deixou tudo por conta de Silvano e do articulador Souza Filho, o resultado: presidência com o PMDB. É começar a gestão com o pé esquerdo, porque uma coisa que político gosta mais que dinheiro é bajulação e Jardel não desceu do pedestal para bajular ninguém, deixou por conta do Silvano e do Souza, que fizeram suas propostas (autorizadas por Jardel, sem dúvida), mas se não sair da boca do prefeito o cara não se compromete, é bobagem. Jardel se manteve firme (ou arrogante?) e perdeu a presidência da casa. A verdade é que não muda em nada a relação do prefeito com os vereadores (esses vão aprovar qualquer coisa daqui pra frente, mas cada vez será uma nova negociação), mas o valor simbólico de ter o PMDB comandando o legislativo é enorme.

Secretariado: erros e acertos. O maior erro de Jardel nesse ponto, em minha opinião, não foi nomear pessoas de fora de Catalão, como muita gente está criticando, mas nomear pessoas que não participaram de sua campanha em detrimento de gente que colocou a cara. Trazer gente de fora que tenha experiência na administração pública e na área em que vai atuar é muito melhor que nomear um catalano que não tenha experiência na área só por que é da cidade (Cesar na SAE? Tem experiência na área? Cadê um competente engenheiro de carreira da SANEAGO?), mas também tinha que dar preferência para quem esteve sempre junto na campanha, colocou a cara e pediu voto, tem muita gente magoada porque foi preterida por gente de fora, mas mais ainda por ser trocada por pessoas que não se envolveram diretamente na campanha. Os acertos são o Secretário de Meio-Ambiente, professor Marcelo Mendonça, que tem atuação na área, conhecimento, competência e se envolveu diretamente na campanha desde o começo, não é como uns e outros que pularam no barco na ultima hora. Além de Marcelo, Jardel acertou em trazer de Uberlândia o médico Adenilson Lima, que foi o responsável pela implantação da rede UAI na cidade (ideia posteriormente copiada para as UPAs da Dilma) e do Hospital Municipal de Uberlândia (referência na América Latina), portanto o cara é competente e entende da coisa, se lhe for dado autonomia tem tudo para fazer um ótimo trabalho na Saúde em nossa cidade. O outro acerto de Jardel foi trazer de Goiânia o Marcos Araken, profissional em comunicação pública, área carente em nossa cidade e uma das principais fragilidades do governo Velomar. É claro que Marcos não conhece a cidade e nem os profissionais em comunicação que aqui trabalham, mas tem o know-how necessário para tocar a pasta. A questão geral do Secretariado é não ser xenofóbico se os caras forem bons, aplaudir as pessoas certas nos lugares certos e não deixar de criticar os erros quando aparecerem (Souza Filho seria melhor aproveitado no Planejamento, por ser articulador político, e Rodrigão no Trabalho e Renda, porque esta pasta se relaciona mais com os trabalhadores), mas também é preciso reconhecer que a campanha tem um preço pelos apoios e estes são pagos com cargos na administração, que na maioria dos casos são ocupados por critérios políticos e não técnicos.

Factoides: foguetório, posse festiva, assinaturas de convênios no primeiros dia, posse do vice-prefeito com o antigo uniforme da montadora de veículos, visita ao túmulo dos pais, abertura do Restaurante Popular (garantindo o pão), montagem do time do CRAC em um dia (garantindo o circo),  exposição das sucatas deixadas pela gestão anterior em uma das principais avenidas da cidade... é, de factoides a gestão Jardel começou bem. Factóides, para quem não sabe, são fatos divulgados com sensacionalismo ou estardalhaço, que podem ser verdadeiros ou não. O propósito de um factoide é gerar deliberadamente um impacto diante da opinião pública, de forma a manipulá-la. Tudo o que está acontecendo nesses primeiros dias vem sendo divulgado e explorado ao máximo, seja através da imprensa tradicional ou por meio das redes socias, coisa de profissional (olha o dedo do Araken aí) e está funcionando, principalmente porque Velomar, o principal atacado, não se defende e deixa a defesa do legado PMDBista com Deusmar Barbosa, que só sabe se defender atacando. A estratégia de Jardel está dando certo por enquanto, mas logo as denúncias tem que passar para as ações e é aí que mora o perigo, porque uma coisa é responsabilizar e atacar a gestão anterior (um ser abstrato), outra bem diferente é expor o indivíduo que levou motores, televisores, computadores, combustível e tudo mais que está faltando, porque é colocar gente pobre na cadeia, atitude extremamente impopular para qualquer governante.

Minha opinião: Acredito que Jardel poderá sim fazer uma boa gestão, mas é preciso sair do campo dos factoides para o das ações práticas. A assinatura de convênios com o Governo do Estado foi importante e simbólica, mas quem investe maciçamente nos municípios é o Governo Federal (que em Uberlândia anunciou convênios no primeiro dia do novo prefeito) e Jardel não trouxe nenhum deputado federal para anunciar investimentos em Catalão. É necessário também aparar as arestas com sua base na Câmara, ainda fiel, mas magoada por ser deixada sozinha nas negociações para a presidência. Outro ponto fundamental é a relação com o CRAC, que é preciso ser profissionalizado e despolitizado, mas com as presenças de Rodrigão e Gustavo Sebba na gestão do time é provável que não ocorra tão cedo. Torço para o sucesso da gestão, até porque se for ruim a cidade inteira sofrerá e não só quem votou em Jardel. Ainda é cedo para dizer que a gestão será fracassada, falta nomear os ocupantes de muitas pastas importantes (SMT, Licitações, IPASC...) e muitos servidores comissionados, grandes responsáveis pelo sucesso ou fracasso de uma gestão (Velomar que o diga), temas para o próximo post.

2 comentários:

  1. Não entendi "outra bem diferente é expor o indivíduo que levou motores, televisores, computadores, combustível e tudo mais que está faltando, porque é colocar gente pobre na cadeia, atitude extremamente impopular para qualquer governante", quer dizer que quem deixou a prefeitura em estado de penúria não foi o Velomar e seus comissionados? Então foi quem?

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    1. Quero dizer que nenhum televisor, computador, panela ou combustível saiu da prefeitura sozinho, é claro que alguém foi lá e pegou. E será que foi o Velomar que fez isso? É claro que não. E não interessa que ele é o responsável (tem que ser responsabilizado, sim), mas quem levou para casa tem que ser mostrado e punido, agora será que o prefeito vai ter coragem para punir gente pobre que levou colheres e panelas para casa? Eu duvido!

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